3 março 2025
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Baleada na Cabeça, Carioca Declara: ‘Sou um Milagre’

Era para ser uma noite festiva. A tarde foi dedicada a ajudar na preparação da ceia de Natal. Após tudo estar pronto, a família se deslocou para Niterói, onde uma celebração aguardava. No entanto, a alegria foi abruptamente transformada em tragédia quando uma pessoa foi atingida na cabeça por um tiro de fuzil em uma avenida em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Estalos de tiros, inicialmente confundidos com fogos de artifício devido à data, na verdade, vieram de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal. Um indivíduo que estava presente pediu que seu irmão, cego de um olho, se abaixasse e, por instinto, olhou pelo retrovisor. A partir desse momento, a memória foi apagada.

Relatos indicam que a mãe da vítima saiu do carro gritando que eram uma família. Ao abrir a porta traseira, constatou que seu filho e a cunhada estavam ilesos, mas a filha estava imóvel. A mãe, desesperada, pediu ajuda aos policiais, que não a socorreram, sugerindo apenas que chamasse uma ambulância. A situação ganhou atenção de três policiais militares que, inicialmente acreditando que a vítima estava morta, perceberam que ela tentava pedir ajuda. A vítima foi colocada na viatura e levada para o hospital Adão Pereira Nunes, onde se tornou necessária uma cirurgia para remover a bala. Ela lutou pela vida e permaneceu por 44 dias em tratamento intensivo, enfrentando uma infecção pulmonar e um quadro clínico grave. Durante este período, houve momentos de conexão emocional, reconhecendo a presença da família nas visitas, embora o despertar fosse confuso após três semanas em coma e uma traqueostomia.

As consequências da violência policial no Rio de Janeiro alteraram drasticamente a rotina da vítima, que é agente de saúde concursada e encontra-se impossibilitada de trabalhar, além de enfrentar problemas burocráticos que a impedem de receber salário. A percepção de que a força destinada à proteção possa atacar sem hesitação leva a um sentimento de indignação. A falta de uma abordagem respeitosa por parte da polícia é ressaltada. A pessoa afirma que, assim como muitos outros, poderia ter perdido a vida. Mesmo reconhecendo a morosidade do sistema judicial, existe a determinação de buscar justiça contra os policiais envolvidos, além de reivindicar compensações financeiras necessárias para tratamento. O medo se tornou uma constante, provocando terror mesmo com barulhos simples ou a presença de policiais, e há a esperança de que, com o tempo e terapia, essa sensação possa ser superada. Há uma intenção de deixar o Rio de Janeiro em busca de um ambiente mais seguro.

Apesar do trauma, a pessoa se reconhece como um milagre e busca não deixar que o sofrimento domine sua vida. As atividades diárias consistem em visitas a hospitais, com acompanhamento de fisioterapeutas, neurologistas e fonoaudiólogos. Embora seja prematuro afirmar qualquer avanço, os médicos demonstram otimismo. A recuperação inclui a capacidade de falar e andar com apoio. Embora a visão ainda não esteja completamente restabelecida, os médicos acreditam que isso pode ser efeito dos medicamentos. Há ambições futuras, incluindo a escrita de um livro sobre sua experiência e a intenção de cursar medicina, num desejo de retribuir o cuidado recebido. Com a proximidade dos 27 anos, há o desejo claro de celebrar com uma ceia de aniversário, como a que não ocorreu no Natal, simbolizando um recomeço desejado.

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