Os Estados Unidos interromperam o planejamento e a execução de operações cibernéticas ofensivas direcionadas à Rússia. Essa informação foi divulgada inicialmente por um veículo de imprensa e confirmada por um funcionário de alto escalão do governo dos EUA.
A suspensão das operações do Comando Cibernético, que é parte do Exército, ocorre em um contexto em que a administração de Donald Trump busca reduzir tensões nas relações com a Rússia, três anos após o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Recentemente, Trump, acompanhado pelo vice-presidente JD Vance, expressou críticas ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky durante um encontro na Casa Branca, o que gerou incertezas sobre a relação entre os EUA e a Ucrânia.
De acordo com o funcionário consultado, a pausa nas operações representa um “grande golpe”, uma vez que o planejamento para esse tipo de ações requer tempo e pesquisa minuciosa. A principal preocupação é que essa interrupção nas operações cibernéticas ofensivas possa aumentar a vulnerabilidade dos EUA a possíveis ataques cibernéticos oriundos da Rússia, dado que são reconhecidas as capacidades dos hackers russos para comprometer a infraestrutura crítica americana e coletar informações sensíveis.
A Rússia, segundo analistas, considera o ciberespaço como um meio de vantagem estratégica sobre os EUA, visto que possui a capacidade de penetrar na infraestrutura crítica dos Estados Unidos e influenciar processos eleitorais. Nos últimos anos, hackers militares e de inteligência dos EUA intensificaram suas operações contra cibercriminosos e agentes de inteligência russos. Desde 2016, quando a Rússia recorreu a bots, trolls e hackers para tentar influenciar a eleição americana a favor de Trump, essa estratégia tem sido replicada de alguma forma nas eleições presidenciais subsequentes, conforme afirmam autoridades dos EUA.
O Comando Cibernético foi criado há mais de dez anos, em parte em resposta às ameaças representadas pela Rússia e por outras nações. Desde sua fundação, a unidade evoluiu significativamente, tornando-se uma força com milhares de operadores dedicados a realizar tanto missões ofensivas quanto defensivas. Com sede em Fort Meade, Maryland, em colaboração com a Agência de Segurança Nacional, o Comando Cibernético também se tornou um instrumento importante de projeção de poder dos EUA, enviando especialistas para apoiar aliados em diversas partes do mundo. Em dezembro de 2021, especialistas foram enviados à Ucrânia para antecipar a invasão russa e ajudar o governo ucraniano na preparação contra a expectativa de uma onda de ataques cibernéticos. Meses após a invasão da Rússia, o Comando Cibernético confirmou seu envolvimento ativo em operações para auxiliar a Ucrânia na defesa contra essas ameaças cibernéticas.
