Nos últimos dias, o clã do ex-presidente Jair Bolsonaro intensificou as críticas direcionadas ao ministro Alexandre de Moraes, membro do Supremo Tribunal Federal. A elevação do tom nas críticas teve início após o deputado federal Eduardo Bolsonaro ser acusado de empregar suas conexões internacionais para atacar a democracia brasileira fora do país.
Atualmente, repousa sobre a mesa do procurador-geral da República, Paulo Gonet, um pedido de Moraes que busca investigar a possibilidade de confiscar o passaporte de Eduardo. Essa sanção já foi imposta a Jair Bolsonaro há mais de um ano. A denúncia apresentada pelo ministro à PGR alega a existência de “crimes contra a soberania nacional” cometidos pelo deputado, sendo esta ação promovida pelo deputado Lindbergh Farias e outros integrantes do Partido dos Trabalhadores.
No domingo, Jair Bolsonaro manifestou apoio ao filho em relação a essa medida. Através de suas redes sociais, o ex-presidente argumentou que a possível apreensão do passaporte tem a intenção de criar constrangimento e sugeriu que tal ação é uma estratégia para obstruir a nomeação de Eduardo à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, visando evitar uma aproximação comercial entre o Brasil e a China.
Eduardo Bolsonaro, na noite anterior, participou de uma entrevista em um canal no YouTube, onde acusou Moraes de orquestrar um plano junto ao PT e à PGR para persegui-lo, insinuando que uma ordem de prisão preventiva poderia ser emitida contra ele. O deputado alegou que atitudes de Moraes não seriam surpreendentes e ressaltou que a situação reflete uma luta contra uma suposta ditadura.
Já na segunda-feira, Eduardo publicou em suas redes sociais um vídeo analisando a denúncia contra ele, com legendas em inglês. Essa prática foi adotada pelo parlamentar, que tem se tornado uma presença cada vez mais frequente no exterior.
A estratégia proposta para confiscar seu passaporte foi considerada pelo deputado como um ataque infundado, afirmando que alegações de que ele estaria representando uma ameaça a Moraes são absurdas.
Eduardo, reconhecido como um interlocutor do clã Bolsonaro com a direita internacional, tem realizado viagens aos Estados Unidos e à Europa nos últimos anos para fortalecer laços com correligionários. A denúncia feita pelo PT contra ele foi desencadeada por um discurso proferido durante o CPAC, um evento político conservador nos EUA, onde criticou o que chamou de “lawfare” contra seu pai, que se vê envolvido em uma polêmica acerca de um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022.
No início de 2025, Eduardo e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro viajaram aos EUA para representar Jair Bolsonaro na posse de Donald Trump, mas não conseguiram acesso à cerimônia oficial, participando apenas de um evento paralelo. No ano anterior, o deputado se destacou ao promover a aproximação do Partido Liberal com grupos radicais de direita na Europa, como o Vox na Espanha, o Chega! em Portugal e a AfD na Alemanha.
Além de sua atuação política, Eduardo Bolsonaro mantém estreitos laços com Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump que está sob investigação por sua suposta participação no ataque ao Capitólio, ocorrido em 6 de janeiro de 2021.