4 março 2025
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Aumento da Pressão na Cisjordânia à Medida que Israel Desocupa Campo de Refugiados

Tropas israelenses procederam à demolição de residências e à abertura de uma extensa estrada no campo de refugiados de Nur Shams, localizado na Cisjordânia ocupada. Esta ação faz parte de uma operação em curso destinada a combater grupos militantes, que já levou dezenas de milhares de palestinos a abandonarem suas residências nas semanas recentes. A operação ocorreu em um contexto de frágil cessar-fogo em Gaza, que interrompeu os combates nas últimas seis semanas, resultando no esvaziamento de alguns dos maiores campos de refugiados no norte da Cisjordânia, sendo considerado por muitos palestinos um teste para futuras ações mais abrangentes.

Os moradores relataram que escavadeiras estavam em operação para alargar uma estrada na região anteriormente ocupada por casas, facilitando o acesso para veículos militares. Essa manobra representa uma das maiores intervenções militares israelenses na Cisjordânia nos últimos anos. Segundo Nihad al-Shawish, responsável pelo comitê de serviços do campo de Nur Shams, quase todos os 13 mil habitantes tradicionais do local já foram forçados a sair. Ele afirmou que apenas cerca de 3 mil pessoas permaneciam no acampamento, mas que, a partir de agora, não restava ninguém dentro.

O Exército israelense não comentou imediatamente sobre a operação, mas já havia declarado anteriormente que o objetivo é eliminar combatentes de grupos militantes apoiados pelo Irã, como o Hamas e a Jihad Islâmica, que representam uma presença nos campos do norte da Cisjordânia. Relata-se que pelo menos 12 pessoas, incluindo militantes armados e civis, perderam a vida em Tulkarm durante esta operação, conforme autoridades de saúde palestinas. Os militares afirmaram ter efetuado centenas de prisões no norte da Cisjordânia nas últimas semanas, confiscando 120 armas e destruindo diversos dispositivos explosivos.

Embora as forças israelenses neguem a emissão de ordens formais de evacuação aos moradores do campo, que abriga descendentes de palestinos que foram deslocados na guerra de 1948, muitos têm deixado o local com suas pertenças, utilizando sacolas de compras ou mochilas, enquanto as escavadeiras promovem a demolição de edificações e a derrubada de estradas, fazendo com que o campo se assemelhe a ruínas. Os moradores expressaram a necessidade urgente de suprimentos básicos, afirmando que muitos deixaram suas casas apenas com as roupas do corpo.

A operação ocorre em um momento crítico, coincidindo com novas medidas israelenses que visam restringir as atividades da UNRWA, a principal organização de assistência palestina das Nações Unidas, ao fechar sua sede em Jerusalém. Observadores apontam que esta operação pode ser um indicativo para medidas semelhantes em outros campos de refugiados na Cisjordânia, levando a uma possível expansão das ações militares. As preocupações sobre uma tentativa organizada de Israel de anexar formalmente a Cisjordânia, território ocupado desde a guerra de 1967, têm gerado críticas internacionais.

A situação também levanta questões sobre as posições do governo dos Estados Unidos, especialmente considerando que o ex-presidente Donald Trump já havia reconhecido Jerusalém como a capital de Israel. No entanto, ele ainda não se manifestou sobre a questão da anexação, um passo que poderia complicar as relações com países da região, como a Arábia Saudita. É relevante notar que a conversa acerca da transferência de palestinos de Gaza tem revivido lembranças da “Nakba”, termo que descreve o deslocamento de aproximadamente 750 mil palestinos durante a guerra de 1948, quando se tornaram refugiados.

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