Uma nova imagem foi divulgada mostrando a barreira do som sendo rompida em 10 de fevereiro, durante o segundo voo do jato supersônico civil dos Estados Unidos, operado pela Boom Supersonic. Este evento foi registrado por equipes da NASA, que utilizaram a técnica fotográfica conhecida como Schlieren para visualizar as ondas de choque que se formaram ao redor do protótipo XB-1 enquanto a aeronave ultrapassava Mach 1.
De acordo com informações divulgadas, a captura das imagens de Schlieren exigiu um posicionamento preciso do XB-1 sobre o Deserto de Mojave, coordenado pelo piloto de testes chefe da Boom, Tristan Brandenburg. Durante o voo, a equipe observou as mudanças na velocidade do ar à medida que a aeronave superava a velocidade do som, que equivale a aproximadamente 1.225,1 quilômetros por hora. Especialistas utilizaram telescópios equipados com filtros específicos para registrar as distorções atmosféricas provocadas pelo voo.
Além disso, os dados coletados pelas equipes da NASA incluíram medições do volume do som produzido pelo XB-1 durante sua trajetória. Análises da Boom Supersonic indicaram que nenhum estrondo sônico audível chegou ao solo durante o voo, uma conquista significativa considerando que a mitigação do estrondo sônico é uma prioridade para a empresa. A presença de estrondos sônicos já motivou restrições em diversas regiões ao redor do mundo, tornando o desenvolvimento de uma aeronave que opere silenciosamente fundamental para o futuro das viagens supersônicas comerciais.
No final de janeiro deste ano, o XB-1 havia completado seu primeiro voo supersônico. Este modelo serve como precursor do Overture, o avião comercial supersônico que a Boom está desenvolvendo, e que já conta com 130 pedidos e pré-encomendas de grandes companhias aéreas, incluindo American Airlines, United Airlines e Japan Airlines. O projeto do Overture pretende proporcionar viagens que sejam quase 50% mais rápidas em rotas transcontinentais, avançando a tecnologia que não é utilizada comercialmente desde o fim das operações do Concorde, há mais de duas décadas.
Em declarações anteriores, o CEO da Boom, Blake Scholl, expressou sua visão otimista sobre o retorno das viagens aéreas supersônicas, ressaltando a importância de tornar essa tecnologia acessível a todos os passageiros. O objetivo da empresa é iniciar as operações do Overture antes do fim da década, com capacidade para transportar entre 64 a 80 passageiros a uma velocidade de Mach 1,7.
Scholl destacou o potencial de um jato mais rápido em reduzir custos e impactos operacionais, permitindo uma maior frequência de voos com a mesma aeronave e equipe. A aeronave de teste XB-1 foi desenvolvida para comprovar novas tecnologias que estão sendo introduzidas, como um sistema de visão aprimorado que melhora a visibilidade para os pilotos, superando as limitações do Concorde, que usava um nariz móvel para facilitar a visão durante a decolagem e pouso.
A empresa apostou na engenharia digital para otimizar o projeto aerodinâmico do Overture, utilizando simulações de dinâmica de fluidos computacional. Essa abordagem proporciona uma maneira mais econômica e eficiente de testar e desenvolver novas formas, permitindo a realização de centenas de simulações em um período curto comparado aos testes físicos que eram realizados antigamente.
O protótipo XB-1 foi construído quase que inteiramente de materiais de fibra de carbono, escolhidos por sua leveza e resistência. Em relação ao motor, o Overture será alimentado por motores a jato convencionais, com a capacidade de operar utilizando até 100% de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF). A adoção destes combustíveis ainda está em fase inicial, conforme relatado por Scholl, que acredita que a demanda por SAF aumentará no futuro, tornando-se uma norma na aviação de longa distância.
A construção da fábrica Overture Superfactory, situada em Greensboro, Carolina do Norte, foi concluída no ano passado. Esta instalação foi projetada para possibilitar a produção em larga escala, com a capacidade de fabricar 66 aeronaves Overture anualmente.