5 março 2025
HomeNegóciosChina Responde aos EUA: Reação Firme Contra Tarifas de Trump no Setor...

China Responde aos EUA: Reação Firme Contra Tarifas de Trump no Setor Agrícola

A China reagiu rapidamente nesta terça-feira (4) às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, aplicando aumentos nas taxas de importação que afetam produtos agrícolas e alimentícios norte-americanos, totalizando US$21 bilhões. Essa ação exacerba as tensões entre as duas maiores economias do mundo, aproxima-se de uma possível guerra comercial total. Além dessas tarifas, Pequim também implementou restrições sobre as exportações e investimentos de 25 empresas dos EUA, citando preocupações com segurança nacional. No entanto, ao contrário de ações de retaliação anteriores, como a resposta em fevereiro ao governo Trump, a China optou por não atingir grandes empresas reconhecidas.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China afirmou em coletiva de imprensa que pressionar o país com táticas de intimidação representa um erro estratégico. O governo chinês enfatizou que nunca cedeu a bullying ou coerção. As novas medidas de retaliação foram anunciadas simultaneamente com a implementação de uma tarifa adicional de 10% que o presidente dos EUA, Donald Trump, havia ameaçado, resultando em uma tarifa total de 20% por parte dos EUA em resposta à alegada inação chinesa no combate ao tráfico de drogas. O governo chinês denunciou as ações da Casa Branca como “chantagem”, indicando que possui um dos sistemas de políticas antidrogas mais rigorosos do mundo.

Analistas sugerem que, apesar da escalada, Pequim ainda procura uma solução pacífica e está estabelecendo aumentos temporários e moderados nas tarifas para manter espaço para negociações. Essa postura pode ser um sinal de que o governo chinês não deseja intensificar ainda mais o conflito. O analista de agricultura da Trivium China, Even Pay, mencionou que o cenário atual pode ser interpretado como um estágio inicial de uma nova fase da guerra comercial, mas ainda existe potencial para evitar uma prolongada escalada.

As novas tarifas dos EUA se somam às tarifas já existentes sobre uma vasta gama de produtos chineses. Produtos eletrônicos de consumo, como smartphones, laptops e outros dispositivos, que não tinham sido afetados anteriormente, agora serão impactados por essa taxa de 20%. A China, por sua vez, implementou uma tarifa adicional de 15% sobre carne de frango, trigo, milho e algodão, e uma taxa de 10% em produtos como soja, sorgo, carne suína, carne bovina, frutos do mar, frutas, vegetais e laticínios, com vigência a partir de 10 de março.

Essas tarifas adicionais afetam aproximadamente 15% das exportações dos EUA para a China, totalizando cerca de US$21 bilhões em volume comercial, conforme dados de censo dos EUA. O mercado chinês é o maior consumidor de produtos agrícolas norte-americanos, e o setor frequentemente enfrenta vulnerabilidades durante períodos de tensões comerciais. As importações de produtos agrícolas dos EUA pela China caíram pelo segundo ano consecutivo, alcançando US$29,25 bilhões em 2024, em comparação com US$42,8 bilhões em 2022.

Os mercados futuros de commodities na China mostraram estabilidade após as novas tarifas. Os futuros de farelo de soja e farelo de colza, os mais negociados no principal importador agrícola do mundo, tiveram alta de 2,5% após a divulgação das medidas que priorizam as exportações agrícolas dos EUA. A guerra comercial em curso entre Washington e Pequim pode abrir oportunidades para outros países. Desde a imposição de tarifas por parte dos EUA e da China durante o primeiro mandato de Trump, a China tem buscado reduzir a dependência em relação aos produtos agrícolas norte-americanos, aumentando a produção local e expandindo as importações de países como o Brasil.

Exportadores agrícolas dos EUA também têm a possibilidade de direcionar seus produtos a outros mercados, enviando cargas para o Sudeste Asiático, África e Índia. Um analista do Commonwealth Bank em Sydney, Dennis Voznesenki, ressaltou que as tarifas impostas pela China sobre trigo e milho norte-americanos podem acabar favorecendo as exportações desses produtos da Austrália.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!