O Canadá e o México anunciaram que irão adotar medidas de retaliação contra os Estados Unidos em resposta à imposição de tarifas de 25% sobre produtos importados desses países, determinada pelo presidente Donald Trump. Essa ação é parte de um novo capítulo na crescente guerra comercial entre as nações da América do Norte. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, informou que o Canadá passará a aplicar uma tarifa de 25% sobre bens americanos que totalizam 155 bilhões de dólares canadenses (aproximadamente 107 bilhões de dólares). A implementação dessa medida será feita em duas etapas; a primeira ocorrerá imediatamente, abrangendo produtos no valor de 30 bilhões de dólares canadenses, enquanto a segunda, programada para 21 dias depois, afetará o restante dos produtos caso as tarifas americanas não sejam revogadas.
Trudeau qualificou a decisão do governo americano como “ilegal” e anunciou que o Canadá irá contestar as tarifas na Organização Mundial do Comércio (OMC) e em outras instâncias do acordo comercial USMCA. Ele enfatizou que, apesar do temperamento educado dos canadenses, o país não hesitará em confrontar a situação. Além disso, o governo canadense está avaliando a possibilidade de implementar barreiras não tarifárias como parte de sua resposta.
A administração canadense rebateu a justificativa apresentada pela Casa Branca, que sugere que as tarifas seriam uma resposta ao alegado descuido no controle da entrada de fentanil nos Estados Unidos. Dados referentes ao controle de drogas no Canadá indicam que as apreensões de fentanil na fronteira diminuíram em 97% entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, resultado das medidas de segurança implementadas pelo país.
O México também manifestou sua intenção de responder às tarifas americanas. A presidente Claudia Sheinbaum afirmou que aguardará a decisão final de Trump antes de formalizar qualquer ação, mas garantiu que já existem planos em diferentes estágios prontos para diversas situações. Informações do governo mexicano revelam uma redução de 49,9% nas apreensões de fentanil na fronteira com os Estados Unidos entre outubro e janeiro.
As consequências econômicas da nova rodada de tarifas já são visíveis, com as bolsas de valores dos Estados Unidos enfrentando quedas significativas. O S&P 500 teve uma baixa de 1,75%, o Nasdaq recuou 2,64% e o Dow Jones registrou uma perda de 1,47%. Empresas como Nvidia e ConocoPhillips foram negativamente impactadas, com desvalorizações de 8,69% e 6,58%, respectivamente.
Além disso, a medida de Trump inclui o aumento das tarifas sobre produtos chineses, que teve sua taxa dobrada para 20%. Em resposta, a China anunciou tarifas adicionais, variando de 10% a 15%, sobre produtos agrícolas americanos, como carne, soja e milho, a partir de 10 de março. A intensificação da crise comercial entre os países da América do Norte gera incertezas no mercado, podendo levar ao aumento nos preços de produtos essenciais para os consumidores nos Estados Unidos. Especialistas alertam que os efeitos da disputa tarifária poderão ser abrangentes, comprometendo a estabilidade econômica na região.
