O dólar experimentou uma queda em relação às principais moedas globais no início desta semana, refletindo a inquietação dos mercados quanto aos efeitos das tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump aos seus principais parceiros comerciais. O DXY, índice que avalia a força da moeda americana em comparação a uma cesta de divisas fortes, apresentou uma diminuição de aproximadamente 1,7% entre o final da semana passada e esta terça-feira, alcançando cerca de 105,6 pontos, o menor nível desde dezembro do ano anterior. Durante esse período, os mercados globais estavam avaliando os impactos dessas tarifas sobre a maior economia do mundo, enquanto os indicadores no Brasil estavam inativos devido ao feriado prolongado de Carnaval.
Diversos setores da economia dos Estados Unidos serão afetados pelo início das tarifas de Trump. A expectativa de uma redução de 0,75 ponto nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) passa a ser um dos principais focos de atenção. As operações financeiras estão programadas para retomar no início da tarde desta quarta-feira, e, apesar do ambiente internacional pessimista, a situação interna deve conter a desvalorização da moeda americana em relação ao real. De acordo com um economista e coordenador do curso de Economia e Finanças, o panorama político do Brasil é considerado um fator crucial que impede que o país siga o mesmo caminho de enfraquecimento do dólar.
O especialista ressaltou que, embora o dólar internamente seja influenciado pelas tendências globais, o Brasil possui suas próprias questões que merecem ser consideradas. Um exemplo de preocupação inclui a nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, anunciada recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O economista enfatizou a necessidade de avaliar se a política interna pode impactar negativamente o valor do dólar no país. Ele também mencionou os anúncios recentes do governo, que ocorrem em um momento de queda na popularidade de Lula, como a proposta do programa Pé-de-Meia e as mudanças nas regras para o saque-aniversário do FGTS.
Essas questões podem complicar o trabalho do Banco Central em controlar a inflação, que tem sido um dos objetivos da instituição ao aumentar as taxas de juros. A situação econômica dos Estados Unidos também reflete-se nas bolsas de valores ao redor do mundo, que apresentaram perdas significativas nesta terça-feira, após a implementação das tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá, além de imposições adicionais de 10% sobre produtos chineses. Indicadores em Wall Street, como o Dow Jones, sofreram quedas de 1,55%, enquanto o S&P 500 apresentou uma redução de 1,22% e a Nasdaq recuou 0,35%. Na Europa, o Stoxx 600, que abrange as principais empresas do continente, também registrou uma diminuição de 2,14%.
Além disso, o principal fundo de índice do Ibovespa em Wall Street também encerrou suas atividades em território negativo, com uma perda de 0,95%. Durante o dia, a queda chegou a atingir cerca de 2%. Especialistas indicam que as bolsas devem continuar sob pressão devido ao aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e seus principais parceiros. Fatores como taxas de juros mais elevadas, redução nos lucros empresariais e aumento nas despesas financeiras, juntamente com a inflação impactando a renda da população, são citados como potenciais consequências das tarifas implementadas.