O mercado de trabalho dos Estados Unidos iniciou 2025 de forma robusta, com a criação de 183 mil empregos no setor privado em janeiro, conforme indicado por um relatório da ADP em colaboração com o Stanford Digital Economy Lab. Este resultado superou as previsões de analistas, que esperavam a adição de 148 mil novas vagas, e também ultrapassou o total do mês anterior, que foi de 176 mil. Este é o maior número registrado desde outubro do ano anterior, quando foram geradas 233 mil posições.
Todos os setores apresentaram aumento nas contratações, com destaque para aqueles relacionados ao consumo, que lideraram o crescimento. Por outro lado, o setor industrial não teve crescimento no emprego em janeiro. De acordo com Nela Richardson, economista-chefe da ADP, “Tivemos um forte começo em 2025, mas isso mascarou uma dicotomia no mercado de trabalho. Indústrias voltadas para o consumidor impulsionaram as contratações, enquanto o crescimento de empregos foi mais fraco em serviços empresariais e produção”.
Esse panorama tem relação com as iniciativas do governo, que implementou tarifas para dificultar a importação de produtos estrangeiros, numa tentativa de fortalecer a indústria nacional. Entretanto, essa abordagem pode gerar efeitos colaterais indesejados. O aumento dos preços das importações tende a pressionar ainda mais a inflação, que já é uma questão persistente na economia americana, com os preços superando a meta de 2% estabelecida pelo Federal Reserve.
Outro aspecto importante a ser observado é o crescimento dos salários, que aumentou 4,7% em janeiro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Embora esse aumento seja benéfico para os trabalhadores, ele também contribui para aumentar a pressão inflacionária. Com salários mais altos, os consumidores ganham maior poder aquisitivo, o que pode elevar a demanda por bens e serviços e, consequentemente, aumentar os preços em um momento em que o Federal Reserve busca controlar a inflação.
O relatório de emprego referente a janeiro confirmou que o mercado de trabalho continua aquecido. O relatório de empregos não-agrícolas, que é uma métrica preferencial para o Federal Reserve avaliar a dinâmica do mercado de trabalho, também mostrou sinais de solidez, com a criação de 256 mil vagas em dezembro, superando a expectativa de 164 mil. Esses dados mantêm o Federal Reserve em alerta, pois, mesmo com um crescimento significativo no emprego, a inflação elevada continua sendo uma preocupação. O contínuo aumento dos salários, em conjunto com as políticas tarifárias, posiciona o banco central em uma situação delicada.
