O Kremlin expressou descontentamento em relação ao discurso proferido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, no dia 6 de outubro, no qual ele qualificou a Rússia como uma ameaça para a Europa. Macron também descreveu a guerra na Ucrânia como um “conflito global” e mencionou a possibilidade de estender a proteção nuclear da França a outros países. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os comentários de Macron revelam uma disposição para intensificar o conflito na Ucrânia.
De acordo com Peskov, o discurso é considerado como “extremamente confrontacional” e não reflete o pensamento de um líder que busca a paz. Ele enfatizou que Macron desconsiderou fatos significativos e não abordou as “preocupações e medos legítimos” da Rússia em relação à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em direção às fronteiras russas. Peskov concluiu que a fala sugere que a França está mais interessada em promover a guerra do que em buscar soluções pacíficas.
O ex-presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, também criticou o discurso de Macron, chamando-o de “Micron” de forma sarcástica, e alegou que a França não constitui uma ameaça. Sob a gestão de Macron, a França tem fornecido apoio militar à Ucrânia e manifestou disposição para considerar o envio de tropas para uma missão de manutenção da paz, com o objetivo de assegurar a implementação de qualquer acordo com a Rússia. Moscou, por sua vez, considerou a presença de tropas da OTAN como inaceitável.
Em uma intervenção na quarta-feira, Macron caracterizou a Rússia como “uma ameaça à França e à Europa” e enfatizou a necessidade de se iniciar discussões sobre a extensão da proteção nuclear aos aliados europeus. Atualmente, a Rússia e os Estados Unidos são as maiores potências nucleares do mundo, cada uma com mais de 5 mil ogivas, seguidas pela China, com aproximadamente 500, pela França, que possui 290, e pelo Reino Unido, que tem 225 ogivas, segundo a Federação de Cientistas Americanos.
Autoridades russas acreditam que, apesar das declarações agressivas de líderes europeus, o apoio militar à Ucrânia permanece aquém do necessário, destacando as vitórias russas no campo de batalha como evidências. No dia 6 de outubro, líderes da União Europeia se reuniram em uma cúpula em Bruxelas para discutir um novo pacote de assistência militar à Ucrânia e garantir a segurança em um possível cenário pós-guerra. A Ucrânia e seus aliados ocidentais acusam o presidente russo, Vladimir Putin, de promover uma política de apropriação territorial ao estilo imperial, tendo conquistado cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia e partes das regiões leste e sul do país.
Putin, por outro lado, apresenta a guerra como um conflito histórico contra o Ocidente, acusando os Estados Unidos e seus aliados europeus de humilhar a Rússia após o colapso da União Soviética em 1991, por meio da expansão da OTAN e da invasão de áreas que considera de influência russa, como a Ucrânia.