O governo da Grécia superou, na última sexta-feira (7), uma votação de desconfiança relacionada ao mais grave desastre ferroviário da história do país, enquanto manifestações demandavam responsabilidade política em decorrência do acidente ocorrido em 2023. A moção, apresentada por parlamentares de centro-esquerda, esquerda e independentes na quarta-feira (6), alegava que o governo havia perdido seu mandato popular, uma semana após milhares de cidadãos saírem às ruas em busca de justiça para as 57 vítimas do incidente, a maioria estudantes. Este evento foi considerado o maior protesto na Grécia em vários anos.
A oposição criticou o governo do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, acusando-o de evitar assumir responsabilidades pelo acidente, de não sanar problemas críticos de segurança nas ferrovias e de encobrir provas que poderiam elucidar as causas do desastre. O governo, por sua vez, refutou as acusações de irregularidades.
A moção foi rejeitada pela maioria dos 157 parlamentares presentes na votação daquela sexta-feira. Antes do processo, Mitsotakis descartou a possibilidade de convocar uma eleição antecipada. Para acalmar os ânimos da população, o primeiro-ministro comunicou ao parlamento sua intenção de propor uma alteração no artigo constitucional que concede imunidade a políticos em processos judiciais.
O acidente ferroviário representou um dos maiores desafios enfrentados pelo governo desde que assumiu o poder, impactando negativamente a aprovação popular e aumentando a insatisfação sobre a imunidade que os políticos possuem segundo a constituição. No dia 28, ocorreu uma concentração pacífica de manifestantes em frente ao parlamento, que logo degenerou em confrontos entre indivíduos encapuzados. Durante os tumultos, foram lançadas bombas incendiárias contra as forças policiais, que responderam com gás lacrimogêneo.
Uma investigação judicial sobre o incidente ferroviário está em andamento. Nesta semana, Mitsotakis anunciou também planos para modernizar a infraestrutura ferroviária até 2027.