A Intuitive Machines, uma empresa com sede em Houston, anunciou que seu módulo de pouso, chamado Athena, desligou-se um dia após sua chegada à Lua. A missão, que visava explorar a presença de água no polo sul lunar, esperava que o módulo funcionasse por aproximadamente 10 dias, até que a noite lunar cobrisse a área de pouso em Mons Mouton, localizada a cerca de 160 quilômetros do polo sul. Fotografias transmitidas pelo módulo antes de seu desligamento mostraram que o veículo estava deitado de lado.
A empresa afirmou que, devido à posição do sol, à orientação dos painéis solares e às temperaturas extremamente frias na cratera lunar, não era esperado que o Athena conseguisse recarregar suas baterias. A missão foi considerada encerrada, embora a Intuitive Machines tenha destacado que o módulo conseguiu operar brevemente e transmitir dados valiosos após o pouso, fazendo com que esta missão fosse reconhecida como o pouso lunar mais ao sul já realizado.
Além disso, a Intuitive Machines informou que o Athena conseguiu avançar em vários marcos do programa e da carga útil, incluindo o conjunto PRIME-1 da NASA, antes que suas baterias se esgotassem. No entanto, não está claro se o PRIME-1, projetado para perfurar a superfície lunar em busca de água, conseguiu realizar suas funções previstas.
Outras cargas úteis a bordo do módulo Athena não foram especificamente mencionadas. Contudo, a Lunar Outpost, uma empresa localizada no Colorado, que forneceu um rover flexível que deveria se desdobrar do módulo cerca de seis horas após o pouso, afirmou que o desdobramento não ocorreu.
Alguns instrumentos científicos e tecnológicos presentes no Athena conseguiram operar durante o trajeto até a Lua e em sua órbita antes do pouso. Durante uma coletiva de imprensa, Tim Crain, diretor de tecnologia da Intuitive Machines, afirmou que o módulo capturou imagens detalhadas da região polar da Lua, um avanço que poderá auxiliar os cientistas na compreensão dessa área rica em crateras.
O desligamento precoce do Athena lembra a missão anterior da Intuitive Machines, que colocou o módulo Odysseus na mesma região acidentada do polo sul em fevereiro de 2024. Embora o Odysseus também tenha pousado de lado, teve um funcionamento de cerca de seis dias, apesar das condições desfavoráveis das antenas, que dificultaram a coleta de dados significativos.
Recentemente, a Intuitive Machines determinou que o Athena pousou a aproximadamente 250 metros do local planejado. Embora as informações iniciais indicassem que o local exato do pouso era desconhecido, a empresa confirmou que o veículo não aterrissou dentro de uma zona de 50 metros de largura, estabelecida como alvo.
O módulo lunar Athena foi desenvolvido como parte do programa Commercial Lunar Payload Services da NASA, que visa incentivar a inovação e reduzir os custos associados ao envio de veículos de exploração robótica à Lua, por meio de contratos de preço fixo com empresas do setor privado.
Durante a coletiva de imprensa, Nicky Fox, administradora associada da Diretoria de Missão Científica da NASA, respondeu a questões sobre a abordagem de missões de baixo custo, ressaltando que a NASA possui várias iniciativas científicas e de exploração em andamento, incluindo o módulo lunar Blue Ghost da Firefly Aerospace, que recentemente teve um pouso bem-sucedido.
A Intuitive Machines terá um período de análise dos dados do Athena nos próximos 30 dias, em um processo denominado “hot wash”. O CEO da empresa, Steve Altemus, afirmou que serão elaboradas recomendações sobre os pontos positivos e negativos da missão, além do que precisa ser ajustado para futuras missões. A empresa planejava lançar uma terceira missão de pouso, chamada IM-3, em cerca de um ano, mas Altemus indicou que essa programação pode ser alterada enquanto busca por um contrato para satélites que transmitam dados da Lua.