Matheus Vieira teve sua trajetória esportiva alterada de maneira significativa em um único momento. Durante a fase final da pré-temporada no São Caetano, ele se preparava para participar da Série A2 do Campeonato Paulista, uma oportunidade crucial para se destacar no futebol profissional. No entanto, um incidente inesperado fez com que sua situação mudasse completamente. “Fui mudar de direção em uma dividida, firmei a perna esquerda e senti o estalo. Sabia que era grave”, relembra o zagueiro de 23 anos. A avaliação médica confirmou a gravidade da lesão: ruptura do ligamento cruzado. O que o atleta não previu foi que o clube não arcaria com as despesas do tratamento.
O jogador expressou sua insatisfação com a falta de apoio. “O clube não ajudou financeiramente, sabe? Nem com suporte de fisioterapia ou profissionais que pudessem auxiliar na recuperação. Eu já havia recebido salário e ajuda de custo, mas o contrato formal só seria assinado na semana da estreia do campeonato. Como a lesão ocorreu antes, fiquei desamparado”, destacou. Sem amparo, Matheus teve que procurar soluções alternativas. “O tempo passava e eu ainda não tinha certeza de onde realizaria a cirurgia. Consegui um contato no hospital público do Jabaquara e fui operado pelo SUS. Eu precisava agir rápido, pois isso poderia comprometer meu futuro.”
O período pós-operatório se mostrou ainda mais difícil. Sem estrutura adequada na sede do clube para a reabilitação, ele decidiu retornar a Santos, sua cidade natal. “No clube eu não tinha acesso a fisioterapeuta, equipamentos, nada. Às vezes, eu andava mancando até o estádio para tentar realizar algum exercício sozinho, sem ninguém para me ajudar. Hoje estou recuperado, mas passei por dificuldades”, desabafou. Antes da lesão, Matheus havia adquirido experiência nas categorias de base de vários clubes importantes. Ele foi formado no Jabaquara e na Portuguesa Santista, e ingressou no São Paulo aos 16 anos.
No Tricolor, participou da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2020 e teve a oportunidade de treinar com Fernando Diniz no time profissional. Posteriormente, transferiu-se para o Cruzeiro, onde completou seu último ano na categoria sub-20 e chegou a integrar o elenco principal sob a gestão de Vanderlei Luxemburgo. Ao retornar aos gramados, percebeu que as portas no Brasil estavam fechadas. Surgiu, então, a oportunidade de se mudar para a Itália, onde sua esposa tinha familiares. “Já considerávamos essa possibilidade, mas após a lesão e o nascimento do meu filho, tornou-se ainda mais claro que eu poderia recomeçar aqui”, comentou.
Após chegar à Europa, Matheus assinou com o Sangiustese VP, um clube da quinta divisão, onde foi o único atleta estrangeiro. Ele descreve sua rotina como desgastante: “Morava em Fano e treinava em Morrovalle. Precisava gastar 2h30 de trem para ir e mais 2h30 para voltar. Saía de casa às 9h da manhã e retornava às 9h da noite.” Atualmente, jogando pelo Ellera Calcio, seu segundo clube na Itália, ele já acumulou 40 partidas como profissional, sendo 37 delas no futebol europeu. “Meu objetivo é progredir na carreira aqui na Itália, almejo jogar nas séries A ou B. Tenho o desejo de retornar ao Brasil, mas estou ciente de que ainda tenho muito a apresentar tanto aqui quanto na Europa. Quero ter a chance de disputar grandes competições, como a Champions League e a UEFA Cup”, concluiu o zagueiro.