A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que o conceito de racismo ambiental é uma realidade, apesar da falta de compreensão da sociedade a respeito. Ela enfatizou que a aceitação e a compreensão desse conceito não se darão de forma imediata, mas sua existência é inegável e está se manifestando de maneira significativa.
Essa declaração foi feita durante um debate sobre racismo e mudanças climáticas em São Paulo, ao lado do líder indígena Ailton Krenak, membro da Academia Brasileira de Letras. Anielle Franco enfrentou críticas da oposição quando, em janeiro de 2024, mencionou o racismo ambiental ao comentar sobre as chuvas que causaram mais de 10 mortes no estado do Rio de Janeiro. Em suas redes sociais, a ministra ressaltou que os estragos provocados pela chuva estavam relacionados aos efeitos do racismo ambiental e climático.
O racismo ambiental refere-se a situações em que comunidades em condições socioeconômicas desfavoráveis são mais afetadas por desastres climáticos do que pessoas de classes sociais mais privilegiadas. Durante a polêmica, alguns parlamentares zombaram da afirmação da ministra, sugerindo que ela insinuava que o meio ambiente poderia ser racista. Contudo, ministros do governo federal e outras autoridades saíram em defesa da ministra.
No evento de terça-feira, Anielle destacou que o conceito de racismo ambiental tem origem nos Estados Unidos, datando da década de 1980. Para ilustrar essa questão, a ministra, que cresceu no Complexo da Maré, apontou para as desigualdades enfrentadas na cidade do Rio de Janeiro. Ela mencionou que, em diversas ocasiões, o acesso à comunidade era dificultado pelas chuvas, o que prejudicava a frequência escolar e o trabalho dos moradores. Em contrapartida, observou que em áreas da zona sul, os efeitos das ressacas não causavam devastação significativa, e as pessoas não perdiam suas casas, evidenciando as disparidades.
