12 março 2025
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Oposição da Groenlândia Conquista Eleição Após Comentários Controversos de Trump

O partido Demokraatit, que adota uma postura favorável aos negócios, obteve vitória nas eleições parlamentares realizadas na terça-feira (11) na Groenlândia, superando a coalizão de esquerda. Essa vitória ocorreu em um contexto onde a promessa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de assumir o controle do território teve um papel significativo nas discussões eleitorais. O Demokraatit conquistou 29,9% dos votos, um aumento expressivo em relação aos 9,1% obtidos em 2021, ficando à frente do partido Naleraq, que defende uma independência mais rápida, que recebeu 24,5% dos votos.

Desde a posse de Trump em janeiro, o presidente expressou seu interesse em transformar a Groenlândia, um território semiautônomo da Dinamarca, em parte dos EUA, argumentando que isso seria crucial para os interesses de segurança americana, embora tal ideia tenha sido amplamente rejeitada pela população groenlandesa. O líder do Demokraatit, Jens-Frederik Nielsen, afirmou que a população busca mudanças e deseja mais negócios para oferecer uma base econômica sólida, ao contrário do desejo de independência imediata.

Atualmente, o Demokraatit enfrentará o desafio de formar uma coalizão governamental, uma vez que o partido Inuit Ataqatigiit, em coalizão com o Siumut, que igualmente defende uma abordagem gradual em direção à independência, obteve 36% dos votos, uma queda em relação aos 66,1% nas eleições anteriores. O primeiro-ministro Mute Egede, do Inuit Ataqatigiit, anunciou que respeitará o resultado das eleições e estará aberto a propostas durante as negociações de coalizão.

A Groenlândia, que foi uma colônia da Dinamarca por muitos anos, se tornou um território desde 1953 e alcançou um certo nível de autonomia em 1979, com a formação de seu primeiro parlamento. No entanto, Copenhague continua a controlar questões como relações exteriores e defesa, além de prestar apoio econômico quase equivalente a US$ 1 bilhão anuais. Em 2009, foi concedido à Groenlândia o direito de buscar independência total através de um referendo, mas a população hesitou devido ao receio de que a qualidade de vida poderia cair sem o suporte financeiro da Dinamarca.

O candidato do partido Naleraq, Qupanuk Olsen, expressou a crença de que a Groenlândia deve se basear em sua cultura e idioma na construção de regulamentações, enquanto Inge Olsvig Brandt, do partido governista, destacou a necessidade de um trabalho interno antes de considerar a independência. A participação eleitoral variou, com cerca de 40 mil eleitores aptos a votar, e a votação foi estendida em algumas seções.

O interesse demonstrado por Trump trouxe à tona um debate sobre a identidade e a autossuficiência da Groenlândia, refletindo um sentimento crescente entre a população Inuíte em favor da independência. Durante um debate na emissora estatal KNR, líderes de cinco partidos manifestaram desconfiança em relação às intenções de Trump, com alguns expressando preocupações sobre a segurança da população.

Pesquisas indicam que a maioria dos groenlandeses apoia a ideia de independência, mas há divisões a respeito do momento mais adequado para essa transição. A campanha eleitoral, inicialmente focada em ressentimentos em relação à Dinamarca, passou a ser impactada pelo temor de uma possível abordagem imperialista dos EUA.

A Groenlândia possui vastos recursos naturais, incluindo minerais essenciais, mas a extração desses recursos tem sido lenta devido a preocupações com o meio ambiente e à influência da China no setor. Embora Trump tenha inicialmente insinuado uma possibilidade de controle militar sobre o território, depois abandonou essa posição, afirmando que respeitaria a vontade da população e oferecería investimentos significativos para um eventual apoio à adesão dos groenlandeses aos Estados Unidos.

O primeiro-ministro groenlandês reafirmou que a ilha não está à venda, buscando um governo coalizão forte para resistir a pressões externas. A Dinamarca também deixou claro que a decisão sobre o futuro da Groenlândia deve ser tomada pelos seus habitantes. Todos os principais partidos políticos da Groenlândia apoiam a independência, mas têm visões divergentes sobre os métodos e o timing dessa eventual transição. O aumento do interesse dos EUA contribuiu para um fortalecimento do partido Naleraq, que pretende levar a questão da independência à votação antes das próximas eleições, programadas para daqui a quatro anos.

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