Imagens obtidas mostram a abordagem de policiais militares a um homem colombiano, resultando em sua morte com mais de quarenta tiros dentro de um apartamento na rua Aurora, no centro de São Paulo, na véspera de Natal de 2024. Registros de câmeras acopladas nos uniformes da Polícia Militar são fundamentais para a investigação da atuação dos policiais durante o incidente.
Na data mencionada, a PM recebeu denúncias de moradores que relataram gritos semelhantes aos de uma criança vindos de um dos apartamentos. Ao chegarem ao edifício, os policiais foram informados por um morador do 11º andar que ouvira os barulhos e avistara sangue escorrendo da unidade nº 1111.
Ao entrarem no apartamento, os policiais encontraram Michael Stiven Ramirez Montes, um colombiano de 33 anos, atacando um cachorro de grande porte, aparentemente em um estado de surto psicológico. Segundo o Boletim de Ocorrência registrado na madrugada do dia seguinte, os policiais tentaram dialogar com Michael, mas sem sucesso. Além disso, tentaram utilizar um dispositivo de taser para imobilizá-lo, mas este não funcionou. O documento relata que, em certo momento, Michael aparentemente se preparou para atacar os policiais, levando-os a disparar múltiplas vezes, resultando na sua morte no local.
Contudo, as imagens revelam que houve uma negociação entre os policiais e o suspeito que durou mais de dez minutos, e a troca de tiros começou quando Michael voltou a agredir o cachorro, sem que ele tivesse avançado em direção aos agentes. Após os primeiros disparos, os policiais entraram no imóvel e atiraram novamente em Michael, que já estava sem condições de reagir.
De acordo com o registro, foram efetuados 44 disparos, dos quais Michael foi atingido por 35. O Boletim de Ocorrência documenta as seguintes lesões no corpo do suspeito: cinco perfurações no pescoço; uma no pé direito; quatro na perna direita; quatro na coxa direita; quatro no abdômen; três no tórax; duas na orelha esquerda; três nas costas; duas na perna esquerda; quatro no antebraço direito; duas no braço direito e uma no glúteo direito. Posteriormente, a chegada de um oficial superior que não participou da ação levou os policiais a alegarem que o suspeito teria se avançado em direção a eles, classificando os disparos como legítima defesa.
Todas as armas utilizadas na operação foram apreendidas, porém não foram especificados quantos disparos foram feitos por cada uma. O caso foi registrado no 3º Distrito Policial (Campos Elíseos) como desacato a funcionário público e homicídio decorrente de intervenção policial. Os quatro policiais que dispararam suas armas optaram por não utilizar a Defensoria Pública, preferindo assistência jurídica particular enquanto o inquérito investiga o caso.
Michael havia sido preso em ao menos quatro ocasiões por furto qualificado entre 2022 e 2024. Durante a abordagem, os policiais encontraram no apartamento 320 gramas de maconha, dois pacotes com uma pequena quantidade de cocaína, além de quatro celulares e objetos pessoais de valor, como um relógio, um anel e uma pulseira que aparentavam ser de ouro. O síndico do prédio informou que, além de Michael, duas outras pessoas estavam hospedadas no apartamento, mas abandonaram o local apressadamente antes da chegada da polícia.
