9 junho 2025
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Pix Se Estabelece no Brasil e Expande Suas Fronteiras

Banco Central implementa alterações no Pix para aprimorar a segurança

O Pix, criado pelo Banco Central em 2016 e lançado em 2020, se estabeleceu como o meio de pagamento mais utilizado no Brasil, com 76,4% da população adotando essa tecnologia. O crescimento do Pix superou o de outras inovações no setor de pagamentos ao longo do tempo. Em 2024, foram realizadas 63,51 milhões de transações, movimentando R$ 26,455 trilhões. A praticidade, a gratuidade e a inclusão financeira são os principais fatores que contribuíram para sua popularidade como alternativa ao dinheiro físico, cartões de débito e boletos.

Apesar da sua segurança, a confiança no Pix foi recentemente afetada por boatos que sugeriam a possibilidade de taxação sobre as transações feitas por meio da plataforma. Na primeira quinzena do mês, o Pix registrou 2,29 bilhões de transações, totalizando R$ 920 milhões. Em comparação com o mesmo período de dezembro de 2024, houve uma queda de 15,3%, quando foram contabilizadas 2,7 milhões de transações que somaram R$ 1,12 trilhão. No entanto, na segunda quinzena, uma recuperação significativa foi observada, com 1,923 bilhões de transferências realizadas.

Com a introdução do Pix por aproximação, especialistas preveem um aumento no uso da tecnologia, que pode capturar parte do mercado de cartões de débito e boletos. Instituições financeiras estão inovando e já oferecem a opção de pagamento via crédito, uma funcionalidade que o Banco Central ainda está desenvolvendo. O Pix recorrente, que ainda não foi disponibilizado ao público, poderá substituir em grande parte o uso do cartão de crédito, que é uma das últimas formas de pagamento que se mantém.

O sucesso do Pix pode ser atribuído à sua origem no Banco Central, que também atua como órgão regulador. Esse modelo favoreceu o Brasil em comparação a países como os Estados Unidos, onde o FedNow enfrenta a dificuldade de operar com diferentes padrões em cada estado, e em Portugal, onde a iniciativa partiu de uma empresa privada. No primeiro ano de funcionamento, o Pix alcançou 46% da população. Segundo especialistas, a pandemia de covid-19 acelerou sua adoção, uma vez que a necessidade de digitalização se intensificou durante esse período inicial.

O sistema desenvolvido pelo Banco Central foi descrito como revolucionário em termos tecnológicos e na experiência do cliente, sendo crucial para a democratização bancária. Antes do Pix, transferências como TED e DOC possuíam custos elevados. O serviço atual se destaca por não cobrar tarifas e não exigir um valor mínimo para transferências, facilitando o acesso aos usuários.

A nova funcionalidade de pagamento por aproximação pode promover uma migração do uso do QR Code para o formato NFC. Além disso, há uma expectativa de que o cartão de débito venha a perder espaço, considerando a gratuidade do Pix. Essa tendência pode ser reforçada com o lançamento do Pix automático, previsto para junho deste ano. Contudo, os cartões não devem ser completamente eliminados, uma vez que oferecem vantagens como milhas e descontos, benefícios que o Pix ainda não possui.

Em relação ao cartão de crédito, há incertezas. O Pix parcelado, que se aproxima mais das características do crédito, apresenta limitações em termos de controle financeiro, comparado ao monitoramento oferecido pelos aplicativos bancários convencionais. A proposta de um Pix Garantido, que transferiria os riscos da transação para o banco, ainda não se incide sobre taxas, diferentemente do que ocorre no crédito.

Um levantamento da Nuvei indica que o cartão de crédito foi o meio de pagamento mais utilizado no e-commerce brasileiro em 2023, representando 39% das transações, enquanto o pagamento instantâneo do Banco Central fez parte de 33%. Contudo, a previsão é que até 2027, o Pix possa corresponder a metade dos pagamentos online.

Empresas brasileiras estão buscando expandir o uso do Pix em outros países, principalmente aqueles com alta presença de turistas ou brasileiros. Algumas, como PagBrasil, Braza Bank e Mercado Pago, permitem que o pagamento com Pix seja integrado a comerciantes do exterior. A PagBrasil também está desenvolvendo o Pix Roaming para usuários estrangeiros no Brasil, com planos de expansão para outros países.

O Braza Bank desenvolve operações principalmente no Paraguai e, em menor escala, nos Estados Unidos e Europa. Não obstante, a situação econômica em países vizinhos, como a Argentina, fez com que alguns comerciantes optassem por contas no Brasil para facilitar transações em reais.

O Brasil não é o único país a implementar sistemas de pagamento instantâneo. Isso também ocorre em países como África do Sul, Índia, Portugal, México, Japão e Reino Unido, muitas vezes por meio de iniciativas privadas. O governo português, por exemplo, oferece o serviço MB Way, que funciona de forma distinta em relação ao Pix. O Quênia lidera no desenvolvimento de sistemas de transferências digitais, com o M-Pesa, que permitiu a inclusão financeira em uma população amplamente não bancarizada.

As perspectivas para um sistema de pagamento globalizado ainda são incertas devido à variedade de regulamentos em diferentes países. No entanto, a crescente adoção de moedas eletrônicas pode facilitar essa integração, conforme as condições de interoperabilidade se tornem mais favoráveis.

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