12 março 2025
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Exército Soa o Alerta ao Governo sobre Crescimento da Conflitualidade e Busca Preservar Orçamento

Em um panorama global caracterizado por um aumento nos conflitos e na elevação do gasto militar, o Exército Brasileiro expressa preocupação quanto à possibilidade de cortes nos investimentos destinados à defesa. O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) para 2025, que ainda aguarda votação, aloca R$ 133 bilhões para as Forças Armadas; entretanto, quase 90% desse valor destina-se a despesas obrigatórias, como custos operacionais e pessoal, deixando uma fração reduzida para investimentos em reequipamento e modernização.

De acordo com oficiais do Alto Comando do Exército, houve uma transformação significativa no cenário geopolítico, com a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Essa mudança sinalizou o término de um período de “paz relativa” e inaugurou uma fase de “competição” militar, aumentando as tensões entre as nações, que foram levadas a incrementar seus gastos com armamentos e a se preparar para um potencial cenário bélico. Em 2024, os investimentos globais em defesa cresceram 7,4%, alcançando a marca recorde de quase US$ 2,4 trilhões.

Ao mesmo tempo, os projetos estratégicos de defesa no Brasil têm enfrentado constantes cortes orçamentários e prazos de entrega esticados, adaptando-se à realidade financeira disponível. Surge, neste contexto, a apreensão de que as Forças Armadas possam ser novamente alvo de congelamentos de gastos, como é uma prática histórica do governo. A equipe econômica está abordando a possibilidade de contingenciamento e bloqueios no orçamento, visando o cumprimento da meta de déficit fiscal zero para o ano. Embora os valores não tenham sido oficialmente divulgados, o mercado antecipa uma contenção considerável, estimando-se até R$ 35 bilhões, conforme documento do Itaú Unibanco.

Em discussões recentes, o comandante do Exército, Tomás Paiva, enfatizou a relevância de investimentos em tecnologia moderna, como drones, diante das atuais guerras. Ele também mencionou a urgência na aceleração do projeto de um segundo satélite geoestacionário, considerando que o primeiro, lançado em 2017, está com sua capacidade quase no limite. Isso é particularmente crítico em áreas remotas, onde o acesso à internet depende de serviços de empresas como a Starlink. Além disso, a necessidade de investimentos regulares em equipamentos, como veículos blindados e sistemas de defesa antiaérea, que sofreram com cortes ao longo do tempo, se torna evidente.

A análise apresentada pelos generais aponta que as guerras contemporâneas abrangem seis frentes distintas: terrestre, aérea, naval, espacial, cibernética e eletromagnética. Esses domínios, segundo eles, são mais relevantes agora do que no passado. As lideranças militares também destacam que o aumento dos gastos em defesa e as ameaças bélicas não estão restritos a regiões distantes do Brasil, citando os movimentos recentes da Venezuela nas águas territoriais da Guiana e as ameaças de invasão pelo ditador Nicolás Maduro.

Esses conceitos e preocupações têm sido apresentados pelo Exército ao ministro da Defesa e à equipe econômica em uma tentativa de obter sensibilização sobre a situação. As Forças Armadas, segundo os generais, estão cientes do quadro econômico e comprometidas com a responsabilidade fiscal, tendo contribuído para a contenção de gastos ao longo do tempo. Contudo, enfatizam que o novo cenário global exige uma atenção redobrada.

Além das preocupações com o reequipamento, o Exército vê oportunidades para incrementar as exportações e fortalecer a base industrial de defesa. O comandante Tomás Paiva planeja se reunir com o chefe do Exército da Polônia em abril, durante a LAAD, a principal feira de defesa da América Latina, realizada no Rio de Janeiro. Em resposta à guerra na Ucrânia e à ansiedade sobre possíveis hostilidades da Rússia, a Polônia, que faz parte da OTAN, anunciou um treinamento abrangente para todos os homens em idade ativa, além de considerar a aquisição de armas nucleares para sua proteção.

Com a flexibilização das regras fiscais pela União Europeia para gastos militares, o Exército Brasileiro observa um potencial significativo para as empresas nacionais aumentarem suas exportações, embora ressalte a necessidade de financiamento e garantias creditícias. Em novembro de 2024, o Ministério da Defesa reportou um recorde nas exportações brasileiras de produtos de defesa, totalizando US$ 1,65 bilhão. Entretanto, questões como a situação financeira da Avibras, uma tradicional empresa do setor que se encontra em recuperação judicial, levantam preocupações, pois as tentativas de venda até o momento não tiveram sucesso. Recentemente, uma nova proposta foi apresentada, envolvendo um consórcio que planeja investir US$ 500 milhões.

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