A sonda Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA), executou uma aproximação a Marte, distanciando-se em aproximadamente 5.000 quilômetros da superfície do planeta. Esta manobra é parte de uma missão que levará a sonda até o asteroide Dimorphos, com previsão de chegada em dezembro de 2026. O sobrevoo por Marte representa um marco significativo no trajeto e também um teste essencial das tecnologias que a sonda irá utilizar ao operar de forma autônoma no espaço profundo.
Durante a passagem pelo planeta vermelho, Hera ativou seu sistema de navegação autônoma, desenvolvido pela empresa GMV. Este sistema possibilita que a sonda identifique pontos de referência e calcule sua posição sem a necessidade de comandos diretos da Terra, assegurando uma maior precisão na fase final da missão, quando a nave estiver nas proximidades do asteroide.
O teste realizado em Marte funcionou como um ensaio para a aproximação a Dimorphos, tendo em vista que a comunicação com os operadores na Terra é reduzida em regiões de espaço profundo. A tecnologia implementada permitirá que a Hera ajuste sua trajetória e execute manobras críticas de forma independente. Além disso, a sonda capturou imagens do planeta e coletou dados que poderão ser valiosos para investigações interplanetárias futuras. A manobra também fez uso da gravidade de Marte para economizar combustível, orientando a sonda em direção ao sistema de Didymos, onde o asteroide se encontra.
O principal objetivo da missão Hera é investigar os efeitos da colisão da missão DART, que foi lançada pela NASA em 2022 com a finalidade de testar métodos de desvio de asteroides. O impacto provocado pela DART alterou a órbita de Dimorphos, e a Hera tem como missão avaliar as consequências dessa alteração, explorando se abordagens similares podem ser aplicadas a cenários futuros de defesa planetária.
Diferentemente da DART, que se colidiu com o asteroide, a Hera não causará impacto físico, mas irá orbitar Dimorphos para coletar imagens detalhadas e realizar medições precisas. Os pesquisadores esperam aprofundar a compreensão sobre a estrutura e composição do asteroide e avaliar a efetividade da técnica de desvio testada anteriormente.
Para expandir a análise, a missão irá incluir dois pequenos satélites, denominados CubeSats, que serão lançados na órbita de Dimorphos com o intuito de realizar as primeiras pesquisas por radar na superfície de um asteroide. Esses dispositivos fornecerão dados sobre a densidade e a composição do corpo celeste, contribuindo para a compreensão de sua estrutura interna. A missão também testará um sistema inovador de comunicação entre os satélites, permitindo o envio de informações sem a necessidade de contato direto com a Terra.
Em relação a possíveis riscos, embora Dimorphos seja de grande interesse científico e tenha relevância na defesa planetária, não está em rota de colisão com o nosso planeta. O asteroide foi selecionado para o experimento devido à sua órbita ao redor de Didymos, o que possibilita uma mensuração precisa dos efeitos do impacto da DART. Os dados coletados serão fundamentais para o desenvolvimento de estratégias de desvio de asteroides que possam apresentar um risco real no futuro.
Atualmente, a sonda está a caminho do sistema Didymos-Dimorphos, com chegada prevista para dezembro de 2026, quando iniciará a coleta detalhada de informações sobre os efeitos do impacto da DART. Dimorphos possui um diâmetro de 160 metros e orbita Didymos, um asteroide maior que mede 780 metros.