14 março 2025
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Como o Apoio dos EUA a Putin Abre Oportunidades de Investimento na Europa

O senador francês Claude Malhuret, de 75 anos e senador desde 2014, apresentou um discurso no Senado francês em 4 de março que rapidamente ganhou destaque nas mídias sociais. Embora sua carreira política tenha sido discreta, sua fala impactante abordou temas relevantes sobre a relação da Europa com a segurança e a defesa.

Durante seu discurso, Malhuret realizou uma comparação entre o governo de Donald Trump e a corte do imperador romano Nero, além de referir-se a Elon Musk de maneira crítica. Ele expressou preocupações sobre a traição de Trump ao apoiar o presidente russo Vladimir Putin e enfatizou a necessidade de que a Europa desenvolva uma força militar capaz de evitar novas invasões. Malhuret destacou que a Europa somente recuperará seu status de potência militar ao também recuperar sua força industrial, o que poderá implicar em custos elevados.

A crescente ameaça imposta por Vladimir Putin, juntamente com a retirada repentina do apoio militar dos Estados Unidos à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), levou muitos europeus a considerarem a construção de uma estrutura de defesa que não dependa exclusivamente de Washington. Esta necessidade de autonomia na defesa coincide com a possibilidade de maiores investimentos, o que seria benéfico para os mercados financeiros. Estima-se que os gastos com pesquisa tecnológica, infraestrutura e rearmamento possam alcançar a cifra de € 800 bilhões.

Como reflexo dessa nova realidade, as empresas gestoras de recursos na Europa estão reavaliando os princípios que excluíam investimentos em setores de defesa, considerados por muito tempo não sustentáveis. Gestoras, como o UBS, revisitam suas diretrizes para potencialmente aproveitar as oportunidades de lucros que podem surgir desse cenário.

Desde o seu lançamento em 1992, o euro foi fundamentado em normas rigorosas sobre endividamento governamental. Países com economias mais frágeis, como Grécia, Itália, Irlanda, Espanha e Portugal, enfrentam frequentes dificuldades dentro da União Europeia, lidando com desajustes crônicos nas previdências sociais e desafios demográficos. Apesar do receio entre economistas ortodoxos em relação ao aumento do gasto público, a situação de segurança representada pela ameaça de Putin legitimou a busca por maior investimento em defesa.

O novo primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, surpreendeu a todos ao propor uma emenda na Lei Fundamental para permitir a destinação de bilhões de euros em defesa e infraestrutura, mesmo que isso fuja da sua habitual rigidez fiscal. Merz enfatizou a necessidade de que a Europa alcance a independência em relação aos EUA e ofereceu suporte militar à Ucrânia.

Além da Alemanha, outros líderes, como o primeiro-ministro polonês Donald Tusk, estão conscientes do risco que representa a dependência dos EUA para a segurança contra a Rússia, principalmente após a retirada do apoio americano.

Essas suas preocupações foram ecoadas pelo analista do Financial Times, Martin Wolf, que, em um artigo recente, abordou os desafios e as oportunidades de a Europa se posicionar como líder na defesa da democracia global. Embora seja uma potência econômica, a Europa ainda enfrenta a limitação de sua influência geopolítica e, para superá-la, precisa mobilizar seus recursos em uma defesa com maior coordenação entre os países.

As duas principais barreiras a essa mobilização são: a dependência da tecnologia e do apoio militar dos EUA, que restringe a capacidade de defesa da Europa, e o crescimento de movimentos políticos populistas e de extrema-direita, que dificultam a coesão necessária para uma resposta unificada. Assim, para que a Europa possa assumir um papel de liderança na defesa da democracia mundial, é essencial que supere suas divisões internas e estabeleça mecanismos de cooperação mais eficazes.

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