15 março 2025
HomeCiênciaEstudo revela que árvores em obras icônicas refletem padrões matemáticos fascinantes

Estudo revela que árvores em obras icônicas refletem padrões matemáticos fascinantes

Pesquisadores descobriram que as árvores apresentadas em famosas obras de arte seguem os mesmos princípios matemáticos que as árvores existentes na natureza. O conceito subjacente nesta arte arbórea, que envolve formas geométricas conhecidas como fractais, está presente nos padrões de ramificação observados na natureza. Esse fenômeno pode ser fundamental para a capacidade humana de reconhecer estas representações artísticas como árvores, conforme afirmam investigadores da Universidade do Novo México e da Universidade de Wisconsin.

Fractais são estruturas que repetem padrões em diferentes escalas, semelhantes aos galhos, ramos e folhas de uma árvore. Esta característica é observada também em flocos de neve, relâmpagos e vasos sanguíneos, que demonstram um grau de autossimilaridade. Ou seja, ao ampliar uma parte de um fractal, é possível observar uma réplica da totalidade. O biólogo matemático Mitchell Newberry explica que, ao analisar uma árvore, pode-se perceber que seus galhos se ramificam e os galhos menores replicam a forma do galho maior.

Os pesquisadores optaram por estudar obras que retratam árvores individuais e escolheram exemplos de diferentes períodos e culturas. Dentre as obras analisadas estão entalhes da Mesquita Sidi Saiyyed, uma pintura do artista japonês Matsumura Goshun, além de trabalhos de Piet Mondrian e da famosa pintura “L’Arbre de Vie” de Gustav Klimt. Eles constataram que, mesmo em representações abstratas ou estilizadas, a maioria das árvores nessas obras reflete os padrões de ramificação e escala observados nas árvores da natureza.

A abstração, seja matemática ou artística, busca alcançar leis naturais. A diversidade de árvores no mundo é ampla, mas esta pesquisa oferece uma base para o que se espera de uma árvore, conforme Newberry. Ele destaca a maneira como Mondrian retratava árvores de forma abstrata, mantendo a essência da forma, o que se alinha à pesquisa sobre a forma física de estruturas biológicas no corpo humano.

Para suas descobertas, a equipe desenvolveu um método para avaliar os padrões de ramificação e conseguiram generalizá-lo em uma fórmula simples. A pesquisa é fundamentada em ideias que remontam a Leonardo da Vinci e que têm sido revisadas por biólogos ao longo do tempo. Um pesquisador não envolvido no estudo comentou que a leitura é estimulante e revela uma conexão interessante entre arte e biologia.

Na natureza, padrões fractais não são apenas esteticamente agradáveis, mas também desempenham funções importantes, como o transporte de fluidos e a captação de luz. A pesquisa publicada em uma revista científica analisou a variação na espessura dos galhos das árvores nas obras estudadas, levando em conta o número de galhos menores por galho maior. Os resultados revelaram que as árvores representadas nas obras estão, em grande parte, dentro da faixa de 1,5 a 3, em comparação com árvores reais.

Surpreendentemente, o entalhe da mesquita indiana apresentou um valor mais próximo ao das árvores reais do que a pintura “Flores de Cerejeira”, que inicialmente parecia mais natural. Apesar de ter mais de 400 ramos distintos, “Flores de Cerejeira” teve um valor de 1,4, enquanto a árvore indiana esculpida obteve um valor de 2,5, sugerindo que um valor de escala mais realista pode ter permitido mais liberdade criativa aos artistas.

Os pesquisadores também analisaram a obra de Mondrian “A Árvore Cinzenta” que, apesar de sua abstração, mantinha a essência de uma árvore, apresentando um valor de escala de 2,8. Em contraste, na pintura “Macieira em Flor”, o valor escalado desapareceu para 5,4, enquanto a primeira era facilmente reconhecível como uma árvore.

Além da representação de Mondrian, a pesquisa incluiu “L’Arbre de Vie” de Gustav Klimt, que, apesar de estilizada, se enquadrava na faixa estatística de uma árvore real. Não são os primeiros a inserir matemática na arte relacionada a árvores, já que Leonardo da Vinci também fez observações sobre o crescimento das árvores e desenvolveu regras matemáticas para representá-las.

As descobertas têm implicações interessantes que ligam a arte à biologia. A pesquisa discute questões mais amplas, como a beleza dos padrões naturais, e a colaboração interdisciplinar é vista como essencial para decifrar essas questões. Um especialista em física observou que visualizar padrões fractais na natureza pode ter um efeito positivo sobre a redução do estresse e que a apreciação das qualidades estéticas das árvores deve ser fomentada, seja na natureza ou na arte.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!