16 março 2025
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Ataque Surpreendente Durante as Negociações de Cessar-Fogo

Pelo menos nove palestinos foram mortos, incluindo três jornalistas locais, e várias outras pessoas ficaram feridas em um ataque aéreo israelense ocorrido no sábado, dia 15, na cidade de Beit Lahiya, localizada no norte da Faixa de Gaza. O ataque acontece em um contexto de negociações de cessar-fogo entre representantes do grupo militante palestino Hamas e mediadores de países árabes no Cairo, no Egito.

As informações sobre o ataque foram inicialmente relatadas por médicos na região e confirmadas mais tarde pela Defesa Civil de Gaza. Testemunhas que conversaram com a agência de notícias Reuters afirmaram que o ataque atingiu um veículo que estava envolvido em uma missão da Khair Foundation, uma instituição de caridade. O Exército israelense declarou que o alvo do ataque eram dois indivíduos identificados como “terroristas”, mas não forneceu detalhes adicionais.

Este evento destaca ainda mais a instabilidade do acordo de cessar-fogo de 19 de janeiro, que já expirou há quase duas semanas. Recentemente, o Hamas lançou um apelo para que Israel avance para a segunda fase do acordo, a qual visava encerrar o conflito de maneira definitiva.

A primeira fase do cessar-fogo, que ocorreu ao longo de seis semanas, resultou na troca de 25 reféns israelenses vivos e dos restos mortais de outros oito, em contrapartida pela libertação de aproximadamente 1.800 palestinos detidos em prisões israelenses. Essa fase também facilitou a entrada de ajuda humanitária no enclave e permitiu que a população local retornasse para suas residências no norte de Gaza.

Até o momento, Tel Aviv manifestou resistência em avançar para a próxima etapa do cessar-fogo, solicitando uma extensão de várias semanas da primeira fase da trégua, o que sugere a possibilidade de uma nova ofensiva nos próximos meses. O enviado do ex-presidente Donald Trump, Steve Witkoff, também tem pressionado por uma proposta que se limite a estender a trégua.

A recuperação dos reféns americanos mantidos em Gaza foi uma meta declarada do governo Trump. Assim, a proposta do Hamas constitui um dilema complexo para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, caso seja parte de um acordo mais abrangente.

Após a declaração do Hamas, o gabinete de Netanyahu informou que aceitou a proposta de Witkoff e demonstrou flexibilidade, embora tenha destacado que o grupo palestino “não recuará de suas posições”. Além disso, a declaração alertou que o Hamas está utilizando manipulação e guerra psicológica, afirmando que a disposição para libertar reféns americanos tem como intenção sabotar as negociações. O gabinete do premiê adicionou que Netanyahu convocaria sua equipe ministerial para discutir os próximos passos a partir de um relatório da equipe de negociação.

O primeiro-ministro tem manifestado consistentemente oposição a um encerramento permanente do conflito em Gaza, um posicionamento em parte devido a considerações políticas internas. Netanyahu, que enfrenta baixa popularidade e detém uma margem reduzida de votos no Parlamento, busca agradar os partidos radicais religiosos que sustentam sua coalizão, os quais são contrários a concessões em Gaza, especialmente em um cenário de intensa pressão internacional, incluindo dos Estados Unidos, para encontrar uma solução para um conflito que já resultou em cerca de 50 mil mortes palestinas, de acordo com números oficiais.

Adicionalmente, nas últimas semanas, o primeiro-ministro participou de 11 audiências judiciais para se defender de acusações relacionadas a suborno, fraude e tráfico de influência.

Apesar dos desafios internos, o líder israelense reafirmou a importância de manter boas relações com a administração norte-americana. Ele conta com o apoio de Donald Trump, que prometeu respaldo incondicional, apesar de ser amplamente sabido que suas posturas se alinham com seus próprios interesses políticos.

Após mais de 16 meses de negociações mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito entre Israel e Hamas, os Estados Unidos recentemente estabeleceram um canal direto de comunicação com o grupo, visando a libertação de cidadãos americanos sequestrados durante o ataque a Israel em outubro de 2023. Durante essa investida, o grupo foi responsável pela captura de 251 reféns e pela morte de aproximadamente 1.200 pessoas, a maioria delas civis.

Recentemente, em uma postagem nas redes sociais, Trump advertiu a população de Gaza com represálias severas caso os 58 reféns restantes não fossem liberados, sendo que menos da metade deles é considerada viva.

A resposta oficial do governo israelense às notícias sobre as conversas diretas entre os Estados Unidos e o Hamas foi limitada a uma declaração breve do gabinete de Netanyahu, que apenas reconheceu as negociações. No entanto, o jornal Yedioth Ahronoth relatou que Israel ficou surpreso ao descobrir que o enviado de Trump, Witkoff, esteve se reunindo em Doha com um membro sênior do grupo palestino.

Como parte de sua estratégia, Tel Aviv cortou todas as formas de ajuda humanitária a Gaza e, no domingo, interrompeu o fornecimento restante de energia elétrica para o enclave.

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