Um dos partidos mais tradicionais do Brasil, o MDB esteve presente em todos os governos do Partido dos Trabalhadores, desde os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva até a metade da gestão de Dilma Rousseff. Em 2016, a legenda rompeu com a então presidente durante o processo de impeachment, resultando na ascensão de Michel Temer à presidência. Em 2022, o MDB lançou Simone Tebet como candidata à presidência; após sua derrota, ela apoiou Lula no segundo turno, tornou-se ministra do Planejamento e coordenou a entrada de emedebistas na aliança com o PT, que agora contempla três ministérios importantes.
Atualmente, a parceria entre o MDB e o PT se mantém sólida, com a legenda evitando alterações em suas indicações ministeriais, enquanto seus representantes desfrutam de prestígio na Esplanada. No entanto, o MDB já começa a considerar novas direções para as eleições de 2026.
Como o segundo maior partido em termos de prefeituras e liderando no Nordeste, o MDB enfrenta uma divisão interna sobre o apoio a Lula e ao PT nas próximas eleições. Os ministros ativos, incluindo Tebet, Renan Filho (Transportes) e Jader Filho (Cidades), são a favor da continuidade da aliança com Lula. Há quem sugira que o MDB poderia até concorrer na chapa petista como vice em 2026.
Por outro lado, um grupo crescente dentro do partido defende a busca de novas alternativas. Líderes como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, estão entre aqueles que sinalizam a preferência por não firmar uma aliança em 2026. Além disso, parlamentares do Nordeste, que anteriormente tinham forte ligação com Lula, começam a se alinhar a esse movimento, especialmente diante do elevado índice de rejeição do presidente, que pode afetar suas próprias ambições políticas caso decidam se manter ligados ao petista.
Conforme análise de um influente membro do MDB, a maioria do partido não demonstra interesse em uma nova candidatura de Lula. A alternativa considerada é apoiar um nome centrado ou até lançar um candidato próprio em 2026. Segundo esse dirigente, não há constrangimento em explorar novas posturas, uma vez que o partido já não apoiou Lula na última eleição e não possui vínculos diretos com o PT. Ele destaca que o MDB está contribuindo para o país com três importantes figuras em cargos estratégicos, minimizando a relação com o governo atual.
A partir deste mês, o MDB iniciará um projeto intitulado “O Brasil precisa pensar o Brasil”, que reitera a proposta anterior de “Ponte para o Futuro”, liderada por Temer. O objetivo é percorrer o país para discutir os rumos e perspectivas para o ano que vem. Um encontro nacional está agendado para setembro, onde as conclusões do projeto serão debatidas, podendo gerar as primeiras indicações sobre a estratégia do partido para 2026.