“Eu serei um problema para eles, esteja preso ou morto”, declarou Jair Bolsonaro em Copacabana no último domingo. A análise das consequências de uma eventual prisão de Bolsonaro ainda é incerta, mas é evidente que sua permanência em liberdade representa um dilema para o Brasil, pois a impunidade de ações golpistas pode gerar novas tentativas.
O evento, que se disfarçou de apoio à anistia para os acontecimentos de 8 de janeiro, fazia parte de uma estratégia para garantir a impunidade de Bolsonaro. Os resultados desse comício foram insatisfatórios – apenas a polícia do governador bolsonarista Claudio Castro considera a manifestação um sucesso, o que evidencia a ineficácia das suas ações em lidar com o crime. Esse insucesso diminui ainda mais as já limitadas chances de efetivação do projeto.
Em 2016, Lula afirmou que, se preso, poderia se tornar um herói, e, se morto, um mártir. Embora não tenha morrido nem se tornado mártir, ele foi preso, mas isso ressoou apenas entre seus apoiadores. Lula tornou-se presidente novamente em 2022, mas isso ocorreu devido à insatisfação generalizada com a alternativa, que era considerada ainda pior, apesar de quase ter enfrentado uma derrota.
Observa-se um padrão interessante: tanto Lula quanto Bolsonaro, representantes de ideologias distintas, utilizam uma retórica populista que envolve vitimismo, autovalorização e referências a inimigos ocultos. Ambos compartilham uma visão preconceituosa em relação a minorias, que se manifesta de maneiras diferentes – de forma explosiva no caso de Bolsonaro e de forma inadvertida no caso de Lula, como evidenciado em comentários recentes sobre Gleisi Hoffman.
Atualmente, ambos os líderes enfrentam circunstâncias críticas: Lula com sua popularidade em franca queda e Bolsonaro às vésperas da prisão. Esse cenário proporciona uma leve esperança para a possibilidade de uma eleição em 2026 que traga um novo líder capaz de conduzir o país em direção a um futuro mais estável.