O Ibovespa apresentou alta pelo quarto pregão consecutivo, conforme registrado na segunda-feira (17). O índice de referência do mercado acionário brasileiro ultrapassou a marca de 131 mil pontos, atingindo o maior patamar em quase cinco meses. Ao final da sessão, o índice avançou 1,46%, encerrando em 130.833,96 pontos. Este fechamento representa o maior nível desde 28 de outubro do ano anterior, quando o índice estava em 131.212,58 pontos. O volume financeiro registrado na sessão foi de R$ 23,1 bilhões.
O dólar também refletiu tendências positivas no mercado, seguindo a movimentação dos ativos. O valor da moeda americana caiu 1,03%, sendo cotado a R$ 5,6861, o que representa o menor valor desde 7 de novembro do ano anterior. Essa variação se deve a notícias benéficas relacionadas à economia chinesa, às negociações para a paz no conflito da Ucrânia e ao aumento nos preços do petróleo.
O otimismo em relação ao mercado financeiro foi impulsionado por um anúncio da China, que revelou um “plano de ação especial” voltado para aumentar o consumo interno, incluindo iniciativas para aumentar a renda das famílias e implementar subsídios destinados a cuidados infantis. Além disso, dados do Escritório Nacional de Estatísticas da China, divulgados na mesma segunda-feira, mostraram um aumento de 4% nas vendas do varejo entre janeiro e fevereiro, superando a alta de 3,7% observada em dezembro.
A perspectiva de uma recuperação da economia chinesa, somada a incertezas em torno das operações dos Estados Unidos contra os houthis no Iémen, que afetam uma rota comercial marítima estratégica, proporcionou suporte ao preço do petróleo no mercado internacional. Esses fatores contribuíram para a valorização de moedas de países exportadores de petróleo, como o Brasil, em relação ao dólar. Especialistas apontam que ações que estimulam o consumo no país asiático podem beneficiar economias com estreitas relações comerciais com a China.
Adicionalmente, a possibilidade de diálogo entre o presidente dos EUA e o presidente da Rússia para discutir o fim da guerra na Ucrânia também favoreceu o apetite por ativos de risco. Essa dinâmica está alinhada com o movimento positivo do Ibovespa e a redução das taxas dos DIs, em uma espera por decisões de política monetária do Banco Central e do Federal Reserve que ocorrerão na quarta-feira (19).
As ações brasileiras estão se beneficiando de uma rotação de portfólios global. Dados da B3 indicam uma entrada líquida de R$ 2,26 bilhões na bolsa paulista em março até o dia 13. Analistas do Santander no Brasil observaram que os recentes indicadores de atividade econômica sinalizam um aprofundamento na desaceleração do país, levando à expectativa de que o pico na Selic pode ser menor do que o previamente anticipado.
Previsões do Santander indicam que a Selic deve chegar a 15,5% em junho, com a expectativa de que possa cair para 14,5% até o final do ano, sendo que atualmente a taxa básica de juros está em 13,25%. Por outro lado, a equipe de macroeconomia do Itaú estima que a Selic em dezembro esteja em 15,25%, após revisão das expectativas para a taxa de câmbio.
Estratégias do Bank of America mantiveram uma recomendação de “overweight” para as ações no Brasil em seu portfólio para a América Latina, destacando que a desaceleração da atividade nos últimos meses pode ajudar a estabilizar as expectativas de inflação, potencializando a possibilidade de cortes na Selic antes do que o mercado imagina. Contudo, alertaram que o caminho para juros menores pode ser desafiador, considerando a pressão atual sobre os fluxos e lucros empresariais antes das eleições de 2026.
O Banco Central informou que o IBC-Br, um indicador que antecipa a economia, teve um crescimento de 0,9% em janeiro em relação ao mês anterior, superando as expectativas de mercado. Apesar disso, analistas continuam a prever uma desaceleração econômica nos meses à frente, influenciada por uma política monetária restritiva.
No que diz respeito aos destaques do dia, o ITAÚ UNIBANCO PN teve uma valorização de 3%, levando o setor bancário a se destacar. O BANCO DO BRASIL ON apresentou alta de 2,08%, enquanto BRADESCO PN e SANTANDER BRASIL UNIT aumentaram suas ações em 1,48% e 2,25%, respectivamente. A PETROBRAS PN encerrou o dia com um crescimento de 1,86%, impulsionada pela alta internacional dos preços do petróleo.
A VALE ON subiu 1,44%, apesar de quedas nos futuros do minério de ferro na China, recebendo um aumento na recomendação de preço. Por sua vez, a MAGAZINE LUIZA ON registrou uma valorização de 5,63%, continuando a tendência positiva após a divulgação de resultados financeiros. Em contraste, a SLC AGRÍCOLA ON caiu 3,92%, enquanto a B3 ON teve uma redução de 3,5%, refletindo uma correção após o crescimento nos últimos pregões.
Finalmente, a NATURA&CO ON recuou 3,16%, mesmo após anunciar um programa de recompra de ações, em meio a incertezas sobre a eficiência do processo de reestruturação da empresa e suas implicações nos resultados futuros.
