18 março 2025
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Impacto da Queda do Petróleo Global nos Lucros da Petrobras

A Petrobras (PETR3; PETR4) registrou um lucro de U$S 7,2 bilhões (R$ 40,82 bilhões) em 2024, posicionando-a como a sétima empresa petrolífera mais lucrativa do mundo entre as de capital aberto. Este resultado representa a sua pior colocação na classificação desde 2019, além de demonstrar uma significativa redução de 69,7% nos lucros em relação a 2023. A companhia também perdeu seu status como a segunda maior estatal global, agora ocupando a terceira posição, atrás da saudita Saudi Aramco e da norueguesa Equinor.

A queda no lucro da Petrobras está diretamente relacionada à diminuição dos preços do petróleo no mercado internacional. A cotação do barril de petróleo Brent, utilizado como referência para as operações da Petrobras, caiu cerca de 13% ao longo do ano, passando de US$ 82 no começo de 2025 para US$ 70 em meados de janeiro. Essa diminuição impacta tanto os resultados financeiros da empresa quanto seu desempenho nas bolsas de valores.

Atualmente, o mercado de petróleo enfrenta um cenário volátil, tanto em termos de oferta quanto de demanda, o que pressiona os preços para baixo. A produção do Oriente Médio representa aproximadamente 31% do total mundial, e qualquer sinal de tensões nessa região pode desencadear reações nos mercados. Contudo, nas últimas semanas, os conflitos têm causado menos flutuações. De acordo com analistas, os investidores estão prevendo um aumento da oferta no curto prazo, especialmente com a expectativa de que os países da Opep+ anunciem incrementos na produção em abril.

Adicionalmente, há incertezas sobre a demanda global. As tensões comerciais e tarifárias, especialmente entre os Estados Unidos e outros países, podem resultar em uma desaceleração econômica. Um relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê um crescimento reduzido do Produto Interno Bruto (PIB) global, com estimativas de 3,2% para 2024 e uma leve diminuição para 2025 e 2026. Esse cenário implica em menor demanda por petróleo. A desaceleração da economia chinesa, que habitualmente consumia uma parte significativa das importações de petróleo, também tem contribuído para essa tendência.

Além do impacto da queda do preço do petróleo, os resultados da Petrobras também são influenciados pela variação da cotação do dólar. Apesar disso, alguns analistas consideram que, embora a diminuição dos preços seja uma questão preocupante, não se trata de uma crise. Os custos de produção da Petrobras têm se mantido estáveis, e um aumento no preço do petróleo tende a aumentar a receita de forma desproporcional aos custos, beneficiando a rentabilidade da companhia. Porém, em um cenário de preços decrescentes, os custos se mantêm inalterados, impactando negativamente os lucros.

Como resultado dessa dinâmica, é previsto que os dividendos a serem distribuídos diminuam. As políticas de pagamento da estatal estão ligadas a fórmulas que dependem do fluxo de caixa, o qual é diretamente afetado pela queda dos preços do petróleo. Desta forma, uma redução na geração de caixa resulta em menos recursos disponíveis para os dividendos.

A redução no preço do petróleo não impacta todas as operações da Petrobras de maneira uniforme. O segmento de exploração e produção (E&P) é o mais afetado, especialmente devido à concentração da maior parte dos ativos da empresa no Brasil. Por outro lado, o segmento de refino possui uma margem que se baseia na diferença entre o preço de venda dos derivados e o custo do petróleo processado, resultando em menor sensibilidade às oscilações dos preços do petróleo. Uma vez que a maior parte dos resultados da Petrobras provém do segmento de E&P, a queda nos preços do petróleo tende a ter um impacto negativo nos resultados gerais da companhia.

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