Organizações criminosas estão cada vez mais utilizando golpes e sistemas de pagamento alimentados por inteligência artificial (IA) para perpetrar suas atividades, permitindo uma rápida e econômica expansão de suas operações em todo o mundo, o que aumenta a dificuldade de sua detecção. A Europol, em um relatório recente, destacou que a tecnologia permite a elaboração de mensagens em múltiplos idiomas e a criação de falsificações altamente realistas, facilitando a engenharia social e a chantagem em fraudes cibernéticas globais.
Além disso, a Europol apontou que a IA generativa está sendo utilizada para a produção de material de abuso sexual infantil. A diretora executiva da agência, Catherine De Bolle, afirmou que o perfil do crime organizado está em transformação, indicando que as redes criminosas se tornaram empresas globais orientadas por tecnologia, aproveitando plataformas digitais, fluxos financeiros ilegais e instabilidade geopolítica para ampliar sua influência.
As atividades ilícitas estão se trasladando para o ambiente online, englobando recrutamento, comunicação e sistemas de pagamento. A Europol afirmou que os mesmos atributos que tornam a IA uma ferramenta revolucionária — sua acessibilidade, adaptabilidade e sofisticação — também a transformam em um recurso poderoso para organizações criminosas. Isso resulta na automação e expansão das operações ilícitas, tornando-as mais escaláveis e mais difíceis de detectar.
O relatório também alertou sobre a possibilidade do surgimento de sistemas de IA totalmente autônomos, que poderiam planejar e executar tarefas sem supervisão humana, abrindo caminho para redes criminosas que seriam inteiramente controladas por IA, sinalizando o início de uma nova era no crime organizado. Em fevereiro, a Europol informou sobre a prisão de duas dezenas de pessoas envolvidas na distribuição de imagens de abuso infantil geradas por IA, ressaltando que essa operação foi uma das primeiras a lidar com tal material, evidenciando uma lacuna na legislação sobre o uso de ferramentas de IA para esses fins.
Ainda em seu relatório, a Europol identificou entre as ameaças criminosas em crescimento na Europa, ataques cibernéticos, contrabando de migrantes, tráfico de drogas e armas de fogo, além de irregularidades na gestão de resíduos.
