O ex-governador Leonel Brizola figura em arquivos secretos recentemente tornados públicos pelo governo dos Estados Unidos. A liberação desses documentos foi determinada pelo presidente Donald Trump logo após sua posse, abrangendo informações sobre as mortes de John F. Kennedy, Robert F. Kennedy e Martin Luther King Jr. As informações divulgadas incluem dados coletados pela CIA sobre diferentes países, entre eles o Brasil, durante o período da Guerra Fria.
Nos documentos liberados, Brizola é mencionado em um relato datado de 1961. Naquele ano, Mao Tsé-Tung, líder do Partido Comunista da China, e Fidel Castro, então primeiro-ministro de Cuba, ofereceram “materiais”, “suporte” e “voluntários” a Brizola, que era o governador do Rio Grande do Sul. À época, ele estava à frente de esforços para a sucessão de poder no Brasil após a renúncia de Jânio Quadros, conforme destacado pela CIA. O Senado Federal do Brasil, citando historiadores, descreve o ato de Quadros como um “autogolpe,” já que ele não esperava a aceitação da sua renúncia e acreditava que poderia ganhar mais poder ao incitar uma reação das autoridades e da população.
Embora os parlamentares tenham percebido as verdadeiras intenções de Jânio Quadros e agido para evitar a situação de golpe, aceitando a renúncia e facilitando a posse do vice-presidente João Goulart, que foi deposto mais tarde em 1964 durante a Ditadura Militar, o fato chegou ao conhecimento público. O relatório da CIA indica que Brizola, apesar de agradecer as ofertas de ajuda de Castro e Mao, optou por recusá-las, evitando assim uma internacionalização da crise política brasileira. Um oficial da CIA comentou que Brizola temia uma possível intervenção dos Estados Unidos caso as propostas fossem aceitas.
O documento também aponta que a oferta de Fidel Castro foi amplamente divulgada pela imprensa, enquanto a ajuda proposta por Mao Tsé-Tung não foi recebida da mesma forma. Ao longo do século XX, Brizola foi uma figura política influente no Brasil, exercendo diversos cargos, incluindo o de prefeito de Porto Alegre, deputado estadual e deputado federal. Ele governou o Rio Grande do Sul na década de 1960 e teve duas passagens como governador do Rio de Janeiro, entre 1983 a 1987 e de 1991 a 1994. Além disso, Brizola se candidatou à presidência do Brasil em duas ocasiões: em 1989 e 1994, e também foi candidato a vice-presidente na chapa com Lula em 1998.