Em 2021, a empresa de tecnologia Bemobi realizou sua oferta pública inicial (IPO), captando R$ 1,25 bilhão. Contudo, essa abertura de capital não resultou em um aumento significativo no caixa, visto que os fundos obtidos foram utilizados para saldar obrigações relacionadas à reorganização societária e outros compromissos. Atualmente, a empresa possui R$ 589 milhões disponíveis.
Pedro Ripper, CEO da Bemobi, afirmou que a companhia conseguiu reverter praticamente todo o capital levantado durante o IPO de volta à empresa, o que reflete um desempenho positivo. O montante em caixa já considera investimentos na aquisição de seis empresas ao longo dos últimos quatro anos, além da recompra de 12% das ações da companhia.
O aumento no caixa é, em parte, atribuído ao crescimento dos segmentos de soluções específicas de pagamento e software como serviço (SaaS), que juntos representam 57% da receita da Bemobi, em comparação a apenas 14% em 2019. Ripper observou que, há dois anos, acreditava-se que esse mercado era exclusivo para grandes adquirentes, mas a evolução do modelo permitiu novas oportunidades para ofertas mais personalizadas.
Empresas de telecomunicação, saneamento, saúde, energia e educação privada utilizam tecnologias desenvolvidas pela Bemobi para gerenciar cobranças mensais. As principais concessionárias de energia, por exemplo, já firmaram contratos com a empresa. A soma desses setores gera um mercado avaliado em quase R$ 1 trilhão.
No último ano, a Bemobi reportou uma receita líquida de R$ 607,15 milhões, representando um crescimento de 12,2%. O desempenho no quarto trimestre foi ainda mais expressivo, com um aumento de 19,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, indicando espaço para expansão no mercado de soluções tecnológicas personalizadas.
A empresa está avaliando novos setores econômicos com características distintas que, até o momento, não têm recebido atenção tecnológica adequada. Embora Ripper não tenha revelado quais segmentos serão explorados, enfatizou que novas aquisições estão nos planos.
Além de expandir por meio de aquisições, a Bemobi destinará uma parte significativa do seu caixa para implementações de uma nova política de dividendos, prevendo um pagamento total de R$ 200 milhões aos acionistas em até um ano. Inicialmente, R$ 58 milhões serão distribuídos nos próximos meses, enquanto os R$ 140 milhões restantes devem ser pagos no início de 2026.
A companhia estima que pode realizar esses pagamentos sem prejudicar sua estratégia de fusões e aquisições, destacando a eficiência na alocação de capital. No início do ano, a empresa já havia efetuado pagamento de R$ 50 milhões aos acionistas.
O valor dos dividendos a serem pagos é quase o dobro do lucro líquido ajustado de 2024, que atingiu R$ 129,3 milhões, um aumento de 26,9% em comparação aos R$ 101,8 milhões do ano anterior. O EBITDA ajustado foi de R$ 176,5 milhões, 13,6% acima do valor registrado anteriormente. No quarto trimestre, o volume financeiro de pagamentos (TPV) alcançou R$ 2,3 bilhões, crescendo 26% em relação ao mesmo período de 2023.
Após um período de valorização de 10,4% nos últimos 12 meses, as ações da Bemobi na B3 refletem um valor de mercado de R$ 1,3 bilhão.