O ex-presidente Jair Bolsonaro atribuiu a culpabilidade pela sua derrota nas eleições presidenciais de 2022 à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Ele afirmou que a situação em que a parlamentar perseguiu um eleitor da oposição armada, na véspera do segundo turno, contribuiu para uma percepção negativa que afetou sua popularidade nas urnas. Em uma entrevista ao podcast, Bolsonaro comentou: “A Carla Zambelli tirou o mandato da gente”.
Bolsonaro argumentou que a imagem de Zambelli ameaçando um civil com uma arma distorceu sua proposta de fortalecimento dos direitos individuais em relação ao porte de armas. Ele declarou que a situação gerou uma interpretação equivocada sobre sua posição, levando até mesmo eleitores que não apoiavam Lula a optarem por anular seus votos. O ex-presidente revisitou a questão das pesquisas que indicavam uma vantajosa posição de sua candidatura em São Paulo, onde Zambelli é uma figura política proeminente.
Na manhã seguinte, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu uma maioria para condenar Carla Zambelli a cinco anos e três meses de prisão por uso irregular de arma de fogo e constrangimento ilegal. O julgamento foi realizado no plenário virtual e foi decisivo o voto do ministro Dias Toffoli, elevando a contagem para seis votos a favor da condenação.
A análise do caso teve início em 21 de outubro e deveria ser concluída em 28 de outubro. Na manhã anterior, com o placar de quatro a zero em favor da condenação, o ministro Kassio Nunes Marques pediu vista, adiando o julgamento por até noventa dias. Seguindo, o ministro Cristiano Zanin apresentou seu voto contrário a Zambelli, e essa posição foi apoiada por Toffoli.
O incidente que levou à condenação ocorreu em 28 de outubro de 2022, data que antecedeu o segundo turno da eleição presidencial, quando Zambelli brandiu um revólver e persegue um apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva pelas ruas de São Paulo, chegando a ordená-lo que se deitasse no chão em um bar. A defesa da deputada alegou que não houve crime, defendendo que ela reagiu a provocações. O caso resultou em uma ação penal proposta pela Procuradoria-Geral da República.
O relatório do ministro Gilmar Mendes ressalta o “elevado grau de reprovabilidade” das ações de Zambelli, recomendando sua prisão, a cassação de seu mandato, a revogação do direito a possuir armas e uma indenização de 100 mil reais por danos morais ao cidadão que foi perseguido. Além de Mendes, outros ministros, como Toffoli, Zanin, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia, se manifestaram a favor da condenação. Votos de Nunes Marques, André Mendonça, Luiz Fux, Edson Fachin e do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, ainda estão pendentes.