Os bancos de alimentos nos Estados Unidos enfrentam uma crescente demanda por ajuda, porém, projetam uma diminuição na quantidade de alimentos disponíveis para distribuição. Isso se deve a cortes que totalizam, pelo menos, US$ 1 bilhão e interrupções no financiamento federal, conforme relatado por diversas organizações em entrevistas recentes. O aumento da fome no país, impulsionado pela inflação e pelo término de programas que ampliaram a assistência alimentar durante a pandemia, tem gerado preocupações em relação à segurança alimentar da população.
Um dos fatores que contribui para essa redução na oferta de alimentos é a expectativa de envios menores do Programa de Assistência Alimentar de Emergência (TEFAP) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Este programa, que é uma importante iniciativa de nutrição, adquire produtos de agricultores e os distribui para despensas de alimentos. Representantes da Feeding America, a principal rede de bancos de alimentos do país, ressaltam que o USDA suspendeu 50% dos fundos destinados ao TEFAP, parceria que geralmente oferece um amplo conjunto de recursos para diversos programas.
De acordo com informações do USDA, a agência ainda está realizando compras para apoiar os bancos de alimentos, porém não forneceu esclarecimentos detalhados sobre os gastos com o TEFAP e as razões para as entregas reduzidas. A Feeding America entrou em contato com o governo em busca de uma resolução rápida em relação ao descongelamento dos fundos, uma medida que se torna ainda mais urgente em face do cancelamento do programa de Assistência de Compra de Alimentos Locais (LFPA), que anteriormente disponibilizava cerca de US$ 500 milhões em financiamento anual para os bancos de alimentos.
Relatos de Chad Morrison, diretor do Mountaineer Food Bank, indicam que as previsões semanais mostram que até 40% das entregas de produtos como queijo, ovos e leite esperadas para abril podem ser canceladas. Essa redução impactará significativamente a capacidade de sua rede, que abrange 450 despensas de alimentos e outros programas de assistência alimentar. A demanda por ajuda está em níveis sem precedentes, refletindo um aumento nas taxas de fome em todo o país, especialmente nas áreas rurais.
Os dados mais recentes do USDA apontam que, em 2023, 13,5% da população americana enfrentou dificuldades para garantir alimentos suficientes, a taxa mais alta em quase uma década. No meio rural, essa estatística chega a 15,4%, evidenciando a gravidade da situação. Anna Pesek, uma agricultora de Iowa, mencionou que cerca de 20% das vendas de sua propriedade foram destinadas ao programa LFPA, que direcionava produtos como perus e carne suína para bancos de alimentos estaduais. Com o corte de financiamento, ela teme que esses produtos não cheguem mais às despensas, descrevendo a situação como devastadora.
