sábado, fevereiro 1, 2025
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Efeitos da retirada dos EUA na Organização Mundial da Saúde

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Durante seu primeiro mandato, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu início, em julho de 2020, ao processo de retirada da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele criticou a organização por sua proximidade com a China e alegou, sem apresentar evidências, que a OMS ajudou a encobrir a propagação do coronavírus. O processo de saída leva um ano, então seu sucessor, Joe Biden, conseguiu reverter essa decisão ao assumir a presidência em janeiro de 2021. Agora, Trump está ciente dos prazos e tomou uma atitude firme. No primeiro dia de seu segundo mandato, em 20 de janeiro, ele assinou cerca de 100 ordens executivas, dentre elas uma que visa romper as relações com a agência de saúde da ONU. Isso poderia significar que a retirada dos Estados Unidos efetivamente aconteceria em janeiro de 2026, colocando o país ao lado de Liechtenstein como os únicos membros da ONU que não pertencem à OMS.

O decreto de Trump argumentou que a saída dos Estados Unidos seria devida à má administração da OMS durante a pandemia de covid-19, que teve origem em Wuhan, na China, além de outras crises globais de saúde. Ele também destacou a falta de reformas necessárias e a incapacidade da OMS de mostrar independência em relação a influências políticas indevidas de seus estados-membros. Além disso, o texto alegou que a decisão se baseou em “pagamentos excessivamente onerosos” feitos pelos Estados Unidos à organização, cuja ausência seria um dos impactos significativos da saída do país.

As implicações financeiras podem ser severas. Os Estados Unidos não apenas pagam taxas anuais de associação, que rondam 110 milhões de dólares, como também são um dos maiores doadores voluntários da OMS, tendo contribuído com 1,1 bilhão de dólares entre 2022 e 2023. O país representa 20% do orçamento total da organização, de 6,8 bilhões de dólares. Embora outros países possam tentar compensar essa lacuna, como ocorreu quando Trump cortou as contribuições, os países europeus enfrentam sua própria série de dificuldades, incluindo economias estagnadas e crescimento das despesas com defesa.

Além da questão financeira, a saída dos Estados Unidos retiraria da OMS a colaboração de agências americanas de referência, como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), que fornecem orientações e trocam informações cruciais com a organização. Especialistas indicam que esse movimento pode reverter avanços em questões de saúde pública, como o combate a doenças infecciosas, incluindo malária, tuberculose e HIV. Ashish Jha, ex-coordenador da resposta à covid-19 durante o governo Biden, já havia advertido que essa medida afetaria não só a saúde global, mas também a posição dos Estados Unidos como líderes científicos.

Funcionários americanos diretamente empregados pela OMS poderiam continuar em suas funções, porém o futuro dos centros colaboradores da OMS nos Estados Unidos, que totalizam 72, é incerto. O financiamento americano é vital para a resposta da OMS a surtos e emergências, e a perda desses recursos poderia comprometer seriamente sua capacidade de atuação. Após a pandemia de covid-19, especialistas em epidemiologia defendem que a maior defesa contra crises de saúde é a colaboração e a troca de dados entre nações. Por outro lado, os Estados Unidos também perderiam sua influência na Assembleia Mundial da Saúde, que é responsável por eleger o diretor-geral, examinar e aprovar o orçamento da OMS, e definir políticas relacionadas ao controle de doenças e vacinas. Com essa situação, a China, ironicamente, poderia assumir um papel mais significativo.

A retirada dos Estados Unidos da OMS é viável, desde que haja aprovação do Congresso e que o país atenda suas obrigações financeiras no atual exercício fiscal. É esperado que esforços diplomáticos sejam feitos para manter os EUA dentro da organização. Os Estados Unidos se juntaram à OMS por meio de uma resolução conjunta em 1948, que foi aprovada pelas duas casas do Congresso e sempre teve apoio de todas as administrações subsequentes. A resolução exige que o país forneça um aviso prévio de um ano caso decida se retirar da OMS.

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