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Em reunião ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou um desejo conciliador, desejando a Donald Trump, que tomou posse como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20, uma “gestão profícua”. No entanto, essa postura amigável contrasta com suas declarações anteriores. Pouco antes das eleições americanas, Lula manifestou apoio público a Kamala Harris, a oponente de Trump, e anteriormente já havia demonstrado suporte ao ex-presidente Joe Biden.
No final de junho de 2024, o Partido Democrata ainda mantinha esperanças sobre a reeleição de Joe Biden. Em uma entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, além de reafirmar seu apoio à continuidade da presidência de Biden, Lula criticou Trump, afirmando que um possível governo sob a liderança do republicano seria imprevisível e que o então pré-candidato à presidência “muito fala”.
“Como democrata, estou torcendo para que Biden saia vitorioso. E se ele ganhar, já conheço Biden, tenho um relacionamento sólido com os Estados Unidos e pretendo mantê-lo”, declarou Lula em 27 de junho do ano passado. “Se Trump vencer, é difícil prever seu comportamento; ele fala demais. Se um país quiser se desvincular do uso do dólar, ele prometeu punições. Ele não é o presidente do mundo”, continuou.
Menos de um mês após essas declarações, a corrida eleitoral dos Estados Unidos sofreu uma reviravolta. Diante da baixa popularidade do governo Biden e da eficácia das críticas de Trump à sua idade, o Partido Democrata decidiu optar por uma candidatura mais jovem que a de Trump, escolhendo Kamala Harris, então vice-presidente. Essa mudança buscava dar fôlego aos adversários do Partido Republicano e contou com o apoio do líder brasileiro.
A quatro dias das eleições, em 1º de novembro, Lula concedeu uma entrevista ao canal francês TF1, onde afirmou que torceria por Harris “como um amante da democracia”, criticou Trump e relembrou a invasão do Capitólio pelos apoiadores do presidente.
“Com Kamala Harris, é muito mais seguro para fortalecer a democracia. O que vivemos com Trump foi alarmante”, argumentou Lula no início de novembro, observando como a imagem dos Estados Unidos como modelo de democracia foi afetada. “Esse modelo desabou”, acrescentou.
Lula também mencionou que essa era uma expressão do “nazismo e do fascismo voltando com outra face”. “Mentiras são propagadas diariamente, não só nos EUA, mas também na Europa, América Latina e em várias partes do mundo. É o renascimento do nazismo e do fascismo”, afirmou.
Uma semana após a entrevista na França, Lula novamente falou à imprensa internacional, mas com um tom diferente. Com Trump já eleito, o presidente brasileiro adotou um discurso mais conciliador. Em uma conversa com a CNN Internacional, sugeriu uma “relação de respeito” com o presidente republicano.
“Nós, como líderes de dois países importantes da América, precisamos ter uma relação muito civilizada e democrática. O Brasil mantém um relacionamento privilegiado com os Estados Unidos, somos parceiros há muito tempo”, ressaltou Lula.
Ele recordou que, durante seus mandatos anteriores, teve boas relações com Barack Obama, do Partido Democrata, e George W. Bush, do Partido Republicano. “Se estabelecermos essa linha de civilidade e respeito, tudo se torna mais fácil”, destacou.
O clima amistoso se manteve nesta segunda-feira, 20, durante a posse de Trump. Lula reiterou seu tom conciliador em uma publicação na rede social e durante a primeira reunião ministerial do ano, que ocorreu no mesmo dia da cerimônia de posse do novo presidente americano.
“Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, e eu, como presidente do Brasil, desejo que ele tenha uma gestão produtiva, para que o povo americano se beneficie e para que os Estados Unidos continuem sendo o parceiro histórico que sempre foram para o Brasil”, finalizou.