A inteligência artificial tem promovido uma transformação no mapeamento do uso da terra no Brasil. Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP), localizada em Tupã, interior de São Paulo, estão empregando essa tecnologia para analisar dados obtidos de satélites com uma precisão notável. Em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a equipe da UNESP desenvolveu uma metodologia que integra inteligência artificial ao monitoramento geoespacial por satélite, visando obter uma representação mais clara e precisa do território nacional, abrangendo diversos aspectos ambientais e agrícolas.
A nova ferramenta permite o registro em tempo real e de forma precisa de atividades como desmatamento e queimadas, o mapeamento de nascentes e cursos de rios, além de acompanhar o desenvolvimento das safras agrícolas. Essa abordagem diversificada propicia uma compreensão mais aprofundada dos impactos ambientais e facilita o planejamento no setor agrícola. Um dos pesquisadores envolvidos no projeto destacou que “é necessário investigar o que está onde, pois atualmente existe uma grande incerteza relacionada ao uso e cobertura da terra. As estimativas de safras costumam ser revistas posteriormente”.
A metodologia foi testada no estado do Mato Grosso, onde obteve uma taxa de precisão de 95% no mapeamento. Esse nível de exatidão representa um avanço significativo nas capacidades de monitoramento e compreensão das mudanças no uso da terra.
Para o setor agrícola, essa ferramenta pode ter um valor particularmente importante. Especialistas afirmam que “o agricultor precisa operar em um ambiente incerto, enfrentando desafios como as condições climáticas, o manejo e a logística de escoamento. Ao plantar, ele não sabe exatamente o que colherá”. Com dados mais precisos e atualizados, os agricultores terão a oportunidade de tomar decisões mais fundamentadas, potencialmente incrementando a eficiência e a sustentabilidade de suas atividades.
Além da agricultura, a aplicação dessa tecnologia também se estende para o monitoramento de áreas desmatadas e focos de queimadas, contribuindo de maneira significativa para a formulação de políticas de preservação ambiental e no combate a práticas ilegais que afetam os ecossistemas no Brasil.