Um voo vindo de Honduras transportando 178 migrantes venezuelanos deportados dos Estados Unidos aterrissou na Venezuela na madrugada de sexta-feira (28). Essa ação integra o processo de restabelecimento dos voos de deportação, que foi acordado com Washington após um mês de paralisação. Este grupo é o segundo a retornar ao país desde a retomada dos voos no último fim de semana.
Desde 2019, as relações entre a Venezuela e os Estados Unidos têm sido tensas, com ambos os países trocando acusações sobre a obstrução de um acordo de deportação estabelecido em janeiro. Esse entendimento levou à coordenação de três voos, resultando na deportação de 366 venezuelanos em fevereiro. O ministro do Interior, Diosdado Cabello, que se manifestou na chegada dos deportados ao aeroporto internacional de Maiquetía, informou que entre os 178 deportados, 13 são mulheres e destacou que muitos deles foram “estigmatizados” durante sua permanência nos Estados Unidos.
A reintegração dos voos de deportação coincide com as acusações do governo dos Estados Unidos contra 238 venezuelanos, relacionados à gangue conhecida como ‘Tren de Aragua’. Esses indivíduos foram enviados para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), uma penitenciária de segurança máxima localizada em El Salvador, invocando uma lei de 1798. O ministro do Interior reiterou a demanda pela liberdade dos compatriotas detidos em El Salvador, caracterizando-os como sequestrados.
Na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, apoiou a ideia de deportações em massa para o El Salvador, alegando que há indícios de que os venezuelanos têm sido enviados em grandes números para os Estados Unidos por parte do regime venezuelano. O primeiro grupo de venezuelanos deportados chegou ao país em 11 de fevereiro, com 190 homens provenientes de El Paso, Texas. Novamente, em 20 de fevereiro, um novo grupo de 176 deportados, que deixaram a base militar de Guantánamo, chegou ao país, mas Washington manifestou preocupação com a velocidade das deportações, resultando na revogação da licença de operação da Chevron na Venezuela.
O governo venezuelano denunciou que o Departamento de Estado dos EUA estava “bloqueando” os voos de deportação. Outros dois voos, com um total de 553 migrantes vindos do México, também aterrissaram na Venezuela no último mês, envolvendo venezuelanos que não conseguiram ingresso nos Estados Unidos. De acordo com a ONU, quase oito milhões de venezuelanos deixaram o país em decorrência da crise econômica, que começou a ser amenizada em 2021. O governo local afirma que mais de 1,2 milhão de pessoas já retornaram ao país.