O presidente Lula participará da IX Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que ocorrerá em Tegucigalpa, Honduras, na próxima quarta-feira, dia 9. O encontro reunirá presidentes de pelo menos dez países da América Latina e do Caribe, incluindo Brasil, Colômbia e México. A cúpula acontece em um contexto de crescente tensão na guerra comercial impulsionada pela administração do governo dos Estados Unidos.
A Celac, composta por 33 países, abordará diversas questões, incluindo uma proposta elaborada pelo governo brasileiro para apoiar a candidatura de uma mulher ao cargo de secretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A embaixadora Gisela Maria Figueiredo, responsável pela Secretaria para América Latina e Caribe do Itamaraty, destacou: “Nunca houve uma mulher nesse posto. Temos candidatas com grande peso político, intelectual e de liderança”. A proposta, que conta com apoio de alguns países membros, ainda requer um consenso que será buscado durante a cúpula.
Outro ponto relevante da cúpula será a crítica às tarifas comerciais recentemente anunciadas pelos Estados Unidos. No dia 3, o presidente Donald Trump anunciou a aplicação de sobretaxas de 10% sobre produtos de várias nações latino-americanas, entre as quais se destacam Brasil, Colômbia, Argentina, Chile, Peru, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Honduras e El Salvador. A Venezuela enfrentará tarifas de 15%, enquanto a Nicarágua terá taxas de 18%. Embora o México não tenha sido incluído na lista inicial, enfrentará taxações de 25% no setor automotivo, além de tarifas sobre aço e alumínio. A presidente hondurenha, Xiomara Castro, anfitriã da cúpula, afirmou que o encontro reunirá líderes prontos para enfrentar “grandes desafios” da região.
A deportação de migrantes dos Estados Unidos e as recentes declarações de Trump sobre o Canal do Panamá também estarão na pauta. O presidente colombiano, Gustavo Petro, sugeriu uma nova fase de respeito à soberania do canal. Ao término da cúpula, Petro assumirá a presidência rotativa da Celac, com a intenção de fortalecer o diálogo com blocos externos como a União Europeia, China e a União Africana, conforme informações do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia.
Além de Lula e Petro, a presença da presidente do México, Claudia Sheinbaum, está confirmada, assim como a dos presidentes da Bolívia, Uruguai, Cuba e Haiti, além dos primeiros-ministros da Guiana e de São Vicente e Granadinas. Países como Chile e Paraguai serão representados por ministros das Relações Exteriores ou vice-chanceleres. O evento será realizado na sede do Banco Central de Honduras, um dos edifícios mais modernos da capital. A Celac foi criada em 2011 pela iniciativa do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e, após um período de redução de sua influência devido a disputas ideológicas, está recuperando importância no atual cenário geopolítico.
