O ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, analisou a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à política externa e comercial do país. Lafer destaca que Trump não deseja ser limitado por pessoas ou normas e sugere que essa visão representa uma mudança significativa na política externa americana. Esta nova abordagem se afasta de décadas de cooperação internacional e do multilateralismo, optando por uma estratégia mais isolacionista e centrada no poder.
Segundo Lafer, essa nova orientação tem implicações profundas tanto para a ordem comercial global quanto para as relações internacionais. Ele observa uma tendência ao unilateralismo nas decisões de política externa dos Estados Unidos sob a liderança de Trump, que parece priorizar sua própria interpretação do papel do país no cenário global.
Durante sua participação em um programa de debate sobre o cenário global, Lafer enfatizou a complexidade da diplomacia econômica, ressaltando a importância de um conhecimento profundo para atuar de forma eficaz nesse campo. Ele apontou as dificuldades da administração Trump em estabelecer cálculos precisos para tarifas, optando muitas vezes por abordagens menos refinadas.
Além disso, Lafer destacou a abrangência dos relatórios do Representante de Comércio dos Estados Unidos, que tratam não apenas de tarifas, mas também de barreiras não tarifárias, questões de propriedade intelectual e compras governamentais. Ele comparou esse processo com o mecanismo de Revisão de Política Comercial da Organização Mundial do Comércio, que oferece uma análise mais detalhada das políticas comerciais dos países membros.
Lafer definiu a diplomacia do comércio internacional como uma “diplomacia do concreto”, enfatizando que as negociações comerciais vão além da definição de tarifas, englobando uma variedade de componentes que facilitam o acesso a mercados. Essa observação ilustra a complexidade e a natureza multifacetada das relações comerciais internacionais.
Ele criticar a abordagem da administração Trump, considerando-a “crua” e “inadequada” para um país com grande influência global. Lafer argumenta que essa postura representa um afastamento das alianças tradicionais e do entendimento mútuo entre nações, sendo vista como uma manifestação pura de política de poder.
