O ex-presidente de El Salvador, Mauricio Funes, faleceu nesta terça-feira, 21, aos 65 anos, na Nicarágua, onde estava asilado desde 2016. O Ministério da Saúde do Governo de Reconciliação e Unidade Nacional da Nicarágua comunicou que, lamentavelmente, o cidadão Carlos Mauricio Funes Cartagena, ex-presidente de El Salvador, morreu nesta noite, às 21h35 (03h45 GMT de quarta-feira), devido a uma grave condição médica crônica.
Anteriormente, o Ministério da Saúde havia mencionado que Funes, que recebeu cuidados de várias especialidades médicas desde sua mudança para a Nicarágua, estava enfrentando “uma situação de saúde delicada, agravada por doenças crônicas que o afligem e que também temos tratado”. O governo da Nicarágua expressou suas sinceras condolências aos filhos, ao parceiro, e à família, amigos e colegas em ambos os países.
Mauricio Funes nasceu em San Salvador em 1959 e começou sua trajetória como professor em instituições de ensino católicas, antes de se tornar repórter de guerra e apresentar um programa de entrevistas. Ele entrou na política quando a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, um partido de esquerda surgido da guerra civil de El Salvador, o convidou para ser o candidato à presidência nas eleições de 2009, onde foi eleito, tornando-se o primeiro presidente de esquerda do país.
Funes governou El Salvador de 2009 a 2014. Em maio de 2023, foi condenado a 14 anos de prisão por corrupção e por manter acordos com poderosas gangues criminosas, embora nunca tenha cumprido pena. As investigações apontaram que ele seria o líder de uma operação que desviou mais de 292 milhões de dólares de verbas públicas para contas pessoais. Funes sempre negou as acusações e se posicionou como uma vítima de perseguição política.
Nos últimos anos de sua vida, ele permaneceu sob a proteção do governo de Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, que lhe concedeu cidadania em 2019, evitando assim sua extradição para El Salvador. Funes e seu filho, Diego Roberto Funes Cañas, que também se encontra na Nicarágua como fugitivo, recebem mensalmente do Ministério das Relações Exteriores da Nicarágua quantias que somam milhares de dólares.
A sentença mais recente contra Funes ocorreu em junho do ano passado, quando foi condenado a oito anos de prisão por aceitar um avião como propina em troca da concessão de um contrato de construção para um projeto de ponte. Nos últimos tempos, ele e o atual presidente de El Salvador, Nayib Bukele, frequentemente se enfrentavam em trocas de ofensas nas redes sociais.