O governo chinês anunciou uma taxa de 84% sobre produtos americanos a partir de 10 de agosto, em resposta às tarifas elevadas pelos Estados Unidos. Esta ação é parte de uma intensificação das medidas retaliatórias no contexto da crescente guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que afetou severamente os mercados financeiros. O Ministério das Finanças da China confirmou que essa nova tarifa é uma resposta direta às taxas impostas pelos EUA, que agora chegam a 104% para importações chinesas, devido ao acréscimo de 50% implementado pelo governo americano.
O Ministério do Comércio chinês declarou que as medidas tarifárias dos Estados Unidos, que considera erradas e prejudiciais, afetam de maneira significativa os direitos e interesses legítimos da China. Apesar da escalada das tarifas, Pequim mostrou-se aberta ao diálogo, condicionado ao respeito mútuo e à equidade nas negociações.
A União Europeia também anunciou sua própria resposta, aprovando tarifas de até 25% sobre aproximadamente € 21 bilhões em produtos americanos, incluindo soja, frango, motocicletas e cosméticos. As novas tarifas entrarão em vigor na próxima semana, com a Comissão Europeia afirmando que essas medidas poderão ser revertidas se os EUA aceitarem um acordo comercial mais justo e equilibrado.
A intensificação do conflito tem gerado forte instabilidade nos mercados financeiros. Na Europa, os principais índices de ações sofreram quedas de cerca de 4%, enquanto o índice Nikkei em Tóquio recuou 3,93%. Outras bolsas asiáticas também fecharam em declínio, com Taipé apresentando uma queda de 5,8% e Seul de 1,73%. Somente os mercados da China e Hong Kong registraram alta.
Nos Estados Unidos, embora o dia tenha começado positivamente em Wall Street, os investidores começaram a retirar recursos de ativos considerados seguros, como os títulos do Tesouro e o dólar. O preço do petróleo caiu para o menor nível em quatro anos, indicando preocupações com uma possível desaceleração econômica global. No Brasil, o dólar alcançou a marca de R$ 6,10 e a B3 apresentou baixa, em sintonia com a aversão global ao risco.
O presidente dos Estados Unidos defendeu sua abordagem comercial durante um jantar com aliados do Partido Republicano, reafirmando que sua estratégia está forçando outros países a procurarem acordos com os EUA. Ao mesmo tempo, autoridades norte-americanas alertaram sobre o perigo de mais retaliações. O secretário do Tesouro expressou preocupações sobre o alinhamento com a China, referindo-se ao que classificou de “dumping” praticado pelos chineses.
A Organização das Nações Unidas expressou apreensão quanto às repercussões da guerra comercial, em especial para economias em desenvolvimento, com seu secretário-geral ressaltando que os impactos podem ser devastadores para essas nações. Especialistas vêm alertando que a disputa tarifária pode resultar em aumentos de inflação, desemprego e retração econômica global. Estimativas sugerem que as novas tarifas poderão custar até US$ 3.800 anualmente para cada família americana, além de ameaçar aproximadamente US$ 2 trilhões em investimentos nos EUA.
O futuro permanece incerto, com a China sinalizando a continuidade de retaliações e os EUA demonstrando disposição para negociar acordos específicos. A União Europeia está preparando uma nova rodada de tarifas para a próxima semana, enquanto os mercados globais continuam atentos à intensificação da guerra comercial em andamento.