16 abril 2025
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Estudantes de Medicina são Acusados de Expor Paciente Falecido com Quatro Implantes no Incor

A família de Vitória Chaves, uma jovem de 26 anos que faleceu em decorrência de insuficiência renal após três transplantes de coração e um de rim, apresentou uma denúncia ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) contra duas estudantes de medicina que expuseram seu caso nas redes sociais. A Polícia Civil também iniciou um inquérito por injúria para investigar as atitudes das alunas, identificadas como Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano.

Em fevereiro, as estudantes publicaram um vídeo no TikTok onde relataram o caso de uma paciente internada no Instituto do Coração (Incor), vinculado ao Hospital das Clínicas da USP. Apesar de não mencionarem o nome da paciente, as especificações sobre os transplantes permitiram à família reconhecer que se tratava de Vitória. A jovem veio a falecer no dia 28 de fevereiro, apenas nove dias após a publicação, em virtude de choque séptico e insuficiência renal crônica.

No vídeo, que alcançou mais de 200 mil visualizações antes de ser removido, as estudantes mencionaram a necessidade de múltiplos transplantes devido a um alegado erro da paciente, indicando que ela não teria seguido corretamente o tratamento com os medicamentos. Em tom sarcástico, conforme declaração da família, uma das alunas comentou: “Essa menina está achando que tem sete vidas”.

A irmã de Vitória, Giovana Chaves, declarou à imprensa que tomou conhecimento do vídeo por meio de um amigo e que a família ficou profundamente perturba com a maneira em que o caso foi abordado. Giovana afirmou que as informações disseminadas eram falsas e ampliaram o sofrimento da família. A mãe de Vitória, Cláudia Chaves, acrescentou que a filha seguia estritamente o tratamento e lutava intensamente para viver: “Ela nunca faltou a uma consulta sequer. Tudo o que ela queria era viver. E vem alguém e diminui a história dela? Eu não aceito”.

Conforme relatado pela família, Vitória enfrentou uma rejeição ao órgão transplantado após o segundo procedimento, fato conhecido como doença do enxerto. Inicialmente, a denúncia foi dirigida à direção do Incor e, posteriormente, formalizada junto ao MPSP.

O Incor emitiu uma nota expressando veementemente sua reprovação a qualquer ação que infrinja a ética e a confidencialidade dos pacientes. A instituição também informou que as estudantes não pertencem à Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), tendo comparecido ao hospital apenas para um curso de extensão de curta duração. As universidades de origem foram notificadas, e a FMUSP mencionou que irá intensificar as orientações sobre ética e uso das redes sociais. As alunas Souza e Foffano não comentaram sobre a situação.

Vitória Chaves foi diagnosticada na infância com Anomalia de Ebstein, uma condição rara do coração. O primeiro transplante foi realizado quando ela tinha cinco anos, em 2005. Em 2016, ela passou por um novo transplante cardíaco. Em 2023, recebeu um rim, e no início de 2024, um terceiro coração. Após mais de um ano internada na UTI do Incor, ela faleceu em fevereiro deste ano.

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