O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que assumiu recentemente, adotou uma abordagem mais rígida em relação à Rússia nesta quarta-feira, 22, ao ameaçar implementar tarifas contra o país e seus aliados a menos que Vladimir Putin cesse a guerra na Ucrânia. Essa nova postura representa uma mudança em relação à sua atitude amigável em relação ao líder russo, embora suas declarações tenham sido temperadas com cautela, especialmente após não cumprir uma de suas promessas de campanha: estabelecer a paz no Leste Europeu nas primeiras 24 horas de seu governo.
Em uma publicação em sua plataforma social, Trump expressou que poderia impor “altos níveis de impostos, tarifas e sanções” contra a Rússia e seus aliados, caso a invasão da Ucrânia não seja interrompida, uma ação que completará três anos em fevereiro próximo.
“Não quero ferir a Rússia. Tenho grande apreço pelo povo russo e sempre mantive uma boa relação com o presidente Putin – e isso apesar da narrativa da esquerda radical sobre a Rússia”, afirmou, mencionando uma investigação que buscou determinar se houve interferência russa nas eleições de 2016, quando venceu sua primeira eleição contra Hillary Clinton. “Dito isso, farei um grande favor à Rússia, que enfrenta dificuldades econômicas, e ao presidente Putin. Acalmem-se agora e ponham fim a essa guerra insensata! Isso só vai piorar”, acrescentou, utilizando letras maiúsculas de forma marcante.
Em seus elogios inusitados – ao afirmar que “não devemos esquecer que a Rússia foi fundamental na vitória da Segunda Guerra Mundial, perdendo quase 60 milhões de vidas no processo”, uma cifra que é, na verdade, próxima de 30 a 35 milhões –, ele destacou a necessidade urgente de um tratado para encerrar o conflito.
“Se não chegarmos a um acordo em breve, não terei alternativa a não ser impor altos níveis de impostos, tarifas e sanções sobre qualquer produto da Rússia vendido aos Estados Unidos e a outros países”, declarou, oferecendo seu mais contundente aviso a Putin até o momento. “Vamos acabar com essa guerra, que nunca teria começado se eu estivesse no comando! Podemos resolver isso de forma simples ou complicada – e a maneira simples é sempre a melhor. Chegou a hora de um acordo. Precisamos parar de perder vidas”, reforçou, mais uma vez, usando letras maiúsculas.
Essa declaração surgiu após Putin parabenizar Trump pela sua posse na segunda-feira, 20, quando expressou, em uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia, sua disposição para dialogar com a nova administração americana sobre a guerra na Ucrânia e questões nucleares. Ao mesmo tempo, o presidente russo manteve uma videoconferência com Xi Jinping, líder da China, na qual discutiram o aprofundamento das relações entre suas nações para “enfrentar as incertezas externas”.
Durante a campanha, Trump repetiu que garantiria um acordo entre a Ucrânia e a Rússia já no primeiro dia de seu mandato, em 20 de janeiro. No entanto, no final de outubro, ele ajustou sua retórica ao afirmar que poderia resolver o conflito “muito rapidamente”.
No início do mês, o republicano mencionou que estava organizando uma reunião com Putin, embora não tenha especificado uma data. O Kremlin, por sua vez, manifestou abertura para as negociações, embora nenhum detalhe tenha sido confirmado até o momento.
Dando uma dose de realismo à sua principal promessa de política externa, que envolvia a assinatura de um acordo de paz com a Ucrânia no primeiro dia de governo, assessores de Trump reconheceram que a guerra pode levar meses, ou até mais, para ser resolvida.
Conforme reportado pela agência de notícias Reuters, um par de conselheiros do republicano comentou que suas declarações têm um caráter eleitoral, mas também refletem uma certa falta de compreensão sobre a complexidade do conflito. As observações desses conselheiros aparecem após os comentários do novo enviado especial de Trump para Rússia e Ucrânia, o general da reserva Keith Kellogg. Em uma entrevista à Fox News, ele mencionou que desejaria ter uma “solução” para a guerra dentro de 100 dias, um prazo bem mais extenso do que o originalmente planejado pelo presidente eleito.