17 abril 2025
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Crime na Amazônia: Exploração do Pelotão Especiais em Ação

Cerca de 45 minutos de helicóptero separam Tabatinga, localizada na Tríplice Fronteira Amazônica, da comunidade de Ipiranga, às margens do Rio Içá, na divisa entre Brasil, Colômbia e Peru. Esta região enfrenta precárias condições sanitárias, sendo o Exército a única presença estatal visível para as 350 pessoas que habitam palafitas e barracos improvisados. No período que antecede a Páscoa, muitas crianças da comunidade recebem bombons de chocolate pela primeira vez na vida, em decorrência de uma campanha de arrecadação liderada por Ana Ribeiro, esposa do comandante do 8º Batalhão de Infantaria de Selva, que se encontra a 147 km de distância.

A dura rotina, marcada pela ausência de uma fonte de renda estável e de perspectivas de melhoria social, torna esses moradores vulneráveis à influência do crime organizado. Ipiranga, devido à sua localização estratégica, facilita o tráfico de cocaína, com colombianos e peruanos utilizando a região para transportar entorpecentes ao Brasil, visando sua exportação para a Europa. O 2º Pelotão Especial de Fronteira (PEF) do Exército, que opera na área, é encarregado da vigilância das fronteiras e do combate ao narcotráfico e ao comércio ilegal de animais silvestres que utilizam a rota do Içá.

As instalações do PEF refletem os desafios enfrentados na patrulha de uma fronteira extensa com recursos limitados. A infraestrutura, que inclui um restaurante, uma capela e casas simples para os militares e suas famílias, apresenta condições precárias. A maioria dos soldados do PEF são temporários, contratados após o cumprimento do serviço militar obrigatório. Recentemente, o comando do Exército decidiu que as instalações precisavam de reformas urgentes.

Ipiranga é uma das mais de 20 bases especiais do Exército e está equipada com metralhadoras belgas Mag 762, em uso desde a década de 1960, e armas .50, que têm grande poder de destruição e são empregadas por criminosos na rota do tráfico, especialmente conhecida como Rota Solimões. Essas informações foram destacadas por uma reportagens recente, que explora o papel dessas rotas no escoamento de grandes quantidades de drogas para a Europa.

Durante um dia de acompanhamento das atividades do 2º PEF de Ipiranga, foram observados treinamentos com metralhadoras, patrulhas armadas pelo rio Içá, serviços médicos prestados a comunidades indígenas e abordagens a ribeirinhos em busca de informações sobre atividades criminosas. Táticas de disfarce por parte dos traficantes, como a utilização de objetos flutuantes, têm conseguido atrair a atenção de soldados menos experientes, mas frequentemente tais estratégias falham. O vilarejo de Ipiranga, circundado por trilhas na floresta, serve como um esconderijo ideal para criminosos que conseguem se deslocar sem serem detectados.

Nos últimos meses, o rio Içá surgiu como uma rota preferencial para o tráfico de cocaína. Traficantes utilizam pequenas embarcações para transportar drogas para locais afastados dos pontos de fiscalização, onde se encontram com comparsas para continuar a logística de transporte. A operação geralmente culmina na acumulação de carregamentos em esconderijos na floresta antes da exportação.

Atualmente, durante a estação do chamado inverno amazônico, o aumento do nível dos rios cria hidrovias temporárias que são exploradas para o transporte de drogas, ouro ilegal, madeira e animais silvestres. Essas rotas secretas, conhecidas como “furos”, possibilitam que carregamentos alcancem cidades como Manaus, Belém e Macapá, de onde prosseguem para o mercado europeu.

A equipe do PEF de Ipiranga tem realizado fiscalizações nas rotas de tráfico. Um exemplo ocorreu na madrugada de 28 de fevereiro, quando uma equipe apreendeu uma tonelada de skunk que tentava entrar no Brasil. A ação foi resultado de informações da polícia colombiana sobre uma embarcação suspeita que se aproximava da fronteira. Um drone operado por criminosos sobrevoava a área, buscando vulnerabilidades nas operações militares.

Durante essa operação, os militares, equipados com óculos de visão noturna e armados, realizaram uma navegação silenciosa para interceptar os criminosos, que ao perceberem a presença do Exército, fugiram e deixaram a droga para trás.

As forças de segurança na fronteira amazônica são compostas por diversas unidades, com as Forças Armadas tendo o maior número de efetivos, aproximadamente 9.500 homens responsáveis por vigilância em mais de 4.000 quilômetros. Recursos do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) têm sido utilizados para aquisição de equipamentos como óculos de visão noturna e embarcações modernas. O comandante do 8º Batalhão de Infantaria de Selva destaca a importância da presença militar na prevenção de atividades ilícitas, indicando que, ao longo do ano, 72 operações foram realizadas, além de patrulhamentos fluviais constantes.

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