sábado, fevereiro 1, 2025
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Centenas de casais do mesmo sexo se unem na Tailândia

Centenas de casais do mesmo sexo estão se unindo em matrimônio na Tailândia nesta quinta-feira (23), momento em que a nação se torna a primeira no Sudeste Asiático a aceitar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Essa legislação pode ser considerada um marco significativo para a comunidade LGBTQ+, que há mais de dez anos luta para obter os mesmos direitos que os casais heterossexuais. “Este é o dia mais feliz da minha vida. Finalmente conseguimos realizar o que desejávamos há tanto tempo”, afirmou Pisit Sirihiranchai, que se casou com seu parceiro Chanathip após cinco anos juntos. “Agora somos uma família completa”, completou.

Com a nova legislação aprovada pelo parlamento e sancionada pelo rei no ano anterior, casais do mesmo sexo podem registrar suas uniões com plenos direitos legais, financeiros e médicos, incluindo direitos de adoção e herança. “Essa lei de igualdade no casamento representa o início de uma maior conscientização na sociedade tailandesa sobre a diversidade de gênero e a aceitação de todos, independentemente da orientação sexual, raça ou religião — uma afirmação de que todos merecem ter direitos e dignidade iguais”, declarou o primeiro-ministro Paetongtarn Shinawatra em uma mensagem gravada, durante uma cerimônia em massa na capital, Bangkok.

Cerca de 200 casais se registraram para se casar no shopping Siam Paragon, conforme informado pela Bangkok Pride, que organizou o evento juntamente com autoridades locais. Um tapete em cores do arco-íris foi desenrolado no shopping para receber os recém-casados, independentemente de suas idades ou estilos de vida. Entre os presentes, destacava-se um casal de mulheres idosas que participou do evento ao lado da ex-primeira-ministra Srettha Thavisin, com confetes caindo ao seu redor e batidas tradicionais tailandesas ao fundo. O partido Pheu Thai que governa Srettha apoiou a iniciativa do casamento.

Alguns casais adotaram uma postura festiva, usando ternos e trajes de noiva, enquanto outros optaram por blazers e vestidos em tons rosa ou branco. Muitos brandiram a bandeira do arco-íris como símbolo de celebração. Ao mesmo tempo, artistas e drag queens se apresentaram em um palco decorado com corações e flores em tons do arco-íris, onde uma tela exibia a mensagem “igualdade no casamento”. As festas se estendiam por diversas localidades do país, desde a cidade litorânea de Pattaya até a montanhosa Chiang Mai no norte.

Antes das celebrações, defensores da igualdade expressaram que a nova lei é um passo importante para o progresso social. “Isso pode se tornar um modelo para outros países, pois a Tailândia está agora se mostrando um exemplo”, ressaltou Kittinun Daramadhaj, advogado e presidente da Rainbow Sky Association of Thailand. “A verdadeira igualdade no casamento existe na Tailândia.”

Entretanto, a luta pelos direitos iguais não termina aqui. Especialistas em direitos humanos alertam que a Tailândia pode ser uma das últimas jurisdições na Ásia a reconhecer casamentos entre pessoas do mesmo sexo no curto prazo, considerando o avanço gradual em outras partes da região. Atualmente, mais de 30 jurisdições globais reconhecem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, conforme dados do Pew Research Center, com a maioria das conquistas ocorrendo na Europa, Américas e Australásia. A Tailândia é a terceira nação asiática a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, seguindo Taiwan e Nepal.

No entanto, dentro do país, a luta por direitos iguais continua a ser um desafio para outras minorias sexuais, incluindo as pessoas transgênero. Hua Boonyapisomparn, defensora dos direitos do grupo local Foundation of Transgender Alliance for Human Rights, destacou que o próximo objetivo deve ser a permissão do governo tailandês para que pessoas trans mudem sua identidade de gênero. A Tailândia abriga aproximadamente 314 mil pessoas trans, segundo a Asia Pacific Transgender Network.

Embora exista uma percepção de que pessoas trans são geralmente aceitas na Tailândia, em parte devido à acessibilidade de cirurgias de afirmação de gênero e à visibilidade de artistas trans, muitas dessas pessoas enfrentam discriminação diariamente. No passado, o parlamento rejeitou uma proposta de lei de reconhecimento de gênero que havia sido apresentada em fevereiro durante o governo anterior. Atualmente, ativistas estão se esforçando para reintroduzir esse tema na agenda política. “Devemos aproveitar a igualdade no casamento como uma chance para abrir portas para o reconhecimento de gênero”, enfatizou Boonyapisomparn.

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