Devido à Semana Santa, o presidente da Câmara dos Deputados não estará em Brasília e autorizou que as sessões desta semana sejam realizadas de forma remota.
O feriado da Semana Santa resulta em um desaceleramento das atividades no Congresso Nacional, o que pode atrasar a discussão sobre o projeto de anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. A internação do ex-presidente Jair Bolsonaro, em função de problemas intestinais, contribui para que a mobilização em torno da proposta, que busca perdoar aqueles que participaram dos ataques aos três poderes, seja menos intensa. Este projeto é uma bandeira da oposição, especialmente do Partido Liberal, ligado ao ex-presidente. As assinaturas que solicitam urgência para o trâmite da proposta foram lideradas pelo deputado Sóstenes Cavalcante, que está aguardando uma definição do presidente da Câmara sobre a agenda do requerimento.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, tem se mostrado relutante em colocar a urgência do projeto de anistia na pauta, buscando um consenso entre a oposição e o governo. Contudo, a proposta enfrenta resistência no Judiciário, com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, manifestando desaprovação à tentativa de anistiar os envolvidos na suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022, evidenciando a seriedade dos atos cometidos. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também defende que todos os envolvidos, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, devem se responsabilizar perante o Supremo Tribunal Federal (STF). O professor Gustavo Sampaio, da Universidade Federal Fluminense, afirma que, se aprovado, o projeto pode ser contestado no STF, uma vez que a Constituição não proíbe explicitamente a concessão de anistia.
No âmbito do Executivo, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, chegou a considerar um debate sobre penas mais brandas, mas posteriormente recuou, afirmando ser contrária ao projeto atual. Paralelamente, o Congresso tem sido alvo de críticas por sua inatividade durante o feriado, o que faz com que o projeto de anistia perca força na articulação política. O recesso constatado no Congresso, diante de pautas urgentes como a reforma tributária, é percebido como uma omissão que pode ter repercussões negativas em tempos de crise. Essa situação evidencia uma desconexão do Congresso em relação às demandas sociais, com outras questões relevantes sendo negligenciadas em favor do projeto de anistia.