A famosa indagação do escritor peruano Mario Vargas Llosa, que faleceu no último domingo (13), abre um de seus livros mais significativos, transformando-se em um clássico: “Em que momento o Peru se lascou?”. A expressão que ele usou em espanhol possui um tom mais forte, mas a ideia central permanece. Se substituirmos “Peru” por qualquer nação latino-americana de nossa escolha, ou até mesmo pela totalidade da região que vai do México à Argentina, a pergunta se torna: “Em que momento esses países se lascaram?”.
Essa questão levantada pelo autor remete ao instante na história que acionou a crise sociopolítica duradoura da região. Neste momento, a América Latina apresenta-se como um mosaico político fragmentado por divisões ideológicas, enfrentando a dificuldade de se unir em relação a problemas comuns. Um tema recorrente é a comparação das economias locais, que são menos prósperas em relação a contextos internacionais. Além disso, destaca-se a presença de líderes populistas que prometem soluções rápidas, como observado em países como Venezuela e El Salvador.
Atualmente, ressalta-se a notable ampliação do crime organizado, que encontra terreno fértil nos países latino-americanos, especialmente em termos de comparação internacional. A maioria desses países está sob a pressão de crises políticas, agravadas por polarização, corrupção sistêmica e um sentimento geral de exaustão em relação às estruturas de poder, independentemente da ideologia do governo em exercício.
É perceptível que a indagação inicial do livro de Vargas Llosa — “Quando foi que o Peru se lascou?” — não oferece uma resposta específica ou conclusiva. Na realidade, essa pergunta foi formulada para manifestar frustração e descontentamento com a situação atual, indicando uma ausência de direção e a persistência dos mesmos problemas. Vale salientar que tal indagação foi colocada há 60 anos.
