A Comissão Europeia, que atua como o braço executivo da União Europeia (UE), distribuiu celulares pré-pagos descartáveis e notebooks básicos para a delegação que participará de reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial nos Estados Unidos na próxima semana. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 15, pelo jornal britânico Financial Times. Essa ação visa minimizar os riscos de espionagem e é frequentemente implementada em viagens a países como China e Ucrânia, sendo a medida à Ucrânia particularmente voltada para evitar a vigilância russa.
Em resposta à reportagem, a Comissão esclareceu que atualizou suas diretrizes de segurança para viagens aos Estados Unidos, embora não tenha emitido instruções formais sobre o uso de celulares descartáveis. Os dispositivos deverão permanecer desligados na fronteira e devem ser guardados em capas especiais, conforme relataram funcionários do órgão europeu.
As reuniões com representantes do FMI e do Banco Mundial ocorrerão no período de 21 a 26 de abril e contarão com a presença de três comissários europeus das áreas de Economia, Serviços Financeiros e Assistência ao Desenvolvimento: Valdis Dombrovskis, Maria Luís Albuquerque e Jozef Síkela.
A inquietação sobre a possibilidade de ações de invasão por parte de Washington nos sistemas da UE revela a deterioração das relações entre o bloco europeu e o governo americano após o retorno de Donald Trump à presidência em 20 de janeiro. Composto por 27 nações, a UE foi afetada por uma série de tarifas, incluindo taxas de importação de 25% sobre aço, alumínio e automóveis, além de tarifas recíprocas de 20% sobre a maioria dos produtos.
Recentemente, Trump anunciou a suspensão temporária das tarifas por 90 dias, diminuindo os impostos pela metade nesse intervalo. Em meio a essa tensão comercial, o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, participou de uma reunião em Washington com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, nesta segunda-feira, 14. Apesar de ter adiado medidas de retaliação no valor de 21 bilhões de euros relacionadas a exportações americanas para priorizar as negociações, a União Europeia não indica sua intenção de responder de forma equivalente às ameaças de Trump.
Sefcovic afirmou que, embora a UE esteja aberta e prefira as negociações, não aceitará esperar indefinidamente por uma solução.
