18 abril 2025
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Raspar a Cabeça: O Estilo que Representou Poder e Grandeza

Durante a Europa Medieval e Renascentista, um fenômeno curioso se destacou entre as mulheres: a prática de raspar parte do cabelo para alongar a testa. Essa característica passou a ser vista como um indicativo de inteligência, sendo frequentemente retratada na arte da época. Além disso, o cabelo feminino era visto como algo impuro e potencialmente perigoso para os homens, o que motivou muitas mulheres a rasparem parte de seus cabelos e até mesmo a depilarem as sobrancelhas.

O período que se estende do final da Idade Média ao início do Renascimento, entre os anos 1401 e 1600, foi fundamental para o desenvolvimento da moda contemporânea. Segundo especialistas, o crescimento das cidades e da burguesia comentou a mudança, uma vez que as interações sociais aumentaram. As pessoas começaram a circular mais em espaços públicos, o que influenciou a percepção sobre vestuário e aparência.

No início do Renascimento, ocorreu uma alteração significativa no status das mulheres. Durante o domínio da Igreja Católica, a visão negativa em relação às mulheres predominava, muitas vezes associando-as ao pecado. Contudo, o surgimento de universidades nesse período permitiu que algumas mulheres se destacassem como intelectuais, compositoras e filósofas, redefinindo suas imagens sociais. Assim, a testa alta passou a simbolizar não apenas beleza, mas também capacidade intelectual.

Um exemplo notável é a rainha Elizabeth I, da dinastia Tudor, que exerceu grande influência sobre a moda inglesa entre 1558 e 1603. Suas roupas chamativas, pele pálida e cabelos ruivos tornaram-se referência para muitos na corte. A testa alta, no caso de Elizabeth I, conveyou uma sensação de autoridade e era associada à inteligência, um atributo valorizado em uma mulher em posição de poder, em um contexto dominado por homens.

As produções artísticas mais famosas de Elizabeth I frequentemente a retratam com a pele clara e a testa longa. Após contrair varíola aos 29 anos e quase perder a vida, a rainha teve que usar perucas para ocultar a perda total do cabelo, o que acentuou ainda mais a proeminência de sua testa. O uso de perucas tornou-se comum, pois a perda de cabelo era frequente devido a doenças da época, levando muitos a optar por perucas ruivas, imitando a cor de cabelo da rainha.

Em retratos da época, a testa alta frequentemente aparecia em conjunto com um ventre proeminente, enfatizando o papel tradicional da mulher como geradora de filhos. Isso sugere que, mesmo com as mudanças sociais que permitiram a algumas mulheres ocupar papéis mais intelectuais, a sociedade ainda permanecia focada na reprodução como o principal dever feminino.

Com o tempo, as tendências de moda evoluem, e a testa alta acabaria por cair em desuso. Já no final do século XVI, ao término do reinado de Elizabeth I, começou a se notar uma transição nas representações artísticas e nos conceitos de beleza, com a testa longa do Renascimento dando lugar a linhas de cabelo mais naturais durante o período Barroco.

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