O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reconheceu que as tarifas anunciadas pela administração anterior podem impactar de maneira significativa a política monetária. A possibilidade de um aumento temporário da inflação pode criar um desafio para o banco central, que precisa equilibrar o controle de preços com a manutenção do pleno emprego. Essa situação se refere ao chamado “duplo mandato” do Fed, que orienta a instituição a focar simultaneamente na estabilidade da inflação e na maximização do emprego. Segundo Powell, pode haver um cenário complexo em que essas duas metas entrem em conflito. “Se isso ocorrer, consideraremos o quão distante a economia está de cada uma dessas metas e os diferentes horizontes de tempo necessários para corrigir essas lacunas”, afirmou.
De acordo com Powell, as tarifas vieram como uma surpresa e podem ter repercussões amplas na economia. Embora a inflação tenha recuado, ainda se encontra levemente acima da meta estabelecida de 2%. Ele prevê que há uma probabilidade de que a inflação se desvie das metas ainda este ano, ou que não se avance na sua redução. O papel do Fed é, portanto, prevenir que o aumento dos preços se torne uma situação duradoura. Há um risco de que o impacto das tarifas se prolongue, dependendo de sua magnitude e do momento de sua implementação. Também existem preocupações relacionadas a interrupções nas cadeias de suprimentos, que podem transformar um problema pontual em uma crise de longo prazo.
Outro ponto destacado por Powell foi a crescente dívida pública dos Estados Unidos. Ele observou que, embora os níveis atuais da dívida não sejam considerados insustentáveis, a trajetória futura gera preocupação. Em janeiro, a dívida nacional subiu para 36 trilhões de dólares, o que equivale a cerca de 208 trilhões de reais. Powell afirmou que “a dívida pública americana segue um caminho insustentável, embora não em um nível insustentável”. Ele acrescentou que a magnitude atual do déficit é preocupante, especialmente em um contexto de economia em pleno emprego.