19 abril 2025
HomePolíticaA ousada candidatura de Quaquá à presidência: um movimento estratégico inesperado

A ousada candidatura de Quaquá à presidência: um movimento estratégico inesperado

Ao entrar na corrida pela presidência do Partido dos Trabalhadores (PT), Washington Quaquá busca conquistar os votos dos filiados descontentes com Edinho Silva, que pertencem à sua corrente interna, conhecida como Construindo um Novo Brasil (CNB). Além disso, Quaquá pretende unir forças com figuras de tendências mais à esquerda, como Rui Falcão e Romênio Pereira, para estabelecer uma aliança ainda no primeiro turno. O lançamento oficial de sua candidatura está agendado para 13 de maio, durante um evento no Circo Voador, localizado na Lapa, no centro do Rio de Janeiro. Quaquá também ocupa o cargo de vice-presidente nacional do PT.

Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP), se apresenta como o “candidato de Lula”. No entanto, o presidente da República ainda não confirmou publicamente seu apoio a ele ou a qualquer outro candidato. A campanha de Edinho é fortemente articulada pelo ex-ministro José Dirceu. Quaquá, por sua vez, critica a apresentação de apoio de Edinho como um artifício sem substância, afirmando: “Ele vende um apoio do presidente Lula que é como cabeça de bacalhau: até agora ninguém viu.” Quaquá destaca a falta de apoio que Edinho tem entre os membros da CNB, enquanto procura solidariedade do grupo, que inclui figuras como Humberto Costa e José Guimarães.

O prefeito de Maricá considera que o círculo de Lula no Palácio do Planalto tem falado em nome do presidente em relação à eleição do PT sem sua anuência, observando que “todos estão tentando viabilizar o Edinho porque desejam um PT subserviente à entourage palaciana”. Ele faz referência principalmente ao chefe de gabinete Marcola e ao ministro Alexandre de Padilha, que recentemente foi transferido da Secretaria de Relações Institucionais para o Ministério da Saúde.

O prazo para o registro das candidaturas à presidência do PT se estende até 19 de maio, com a votação marcada para 6 de julho. Caso um segundo turno seja necessário, os filiados voltarão às urnas em 20 de julho. Há cerca de duas semanas, uma reunião no Palácio do Planalto, que envolveu Lula, a ministra Gleisi Hoffmann e o atual presidente do PT, Humberto Costa, concluiu que Edinho não enfrentaria oposição da alta cúpula da CNB, sob a condição de que a liderança da corrente mantivesse o controle sobre as secretarias de Planejamento e Finanças e de Comunicação, atualmente lideradas por Gleide Andrade e Jilmar Tatto.

O ex-prefeito de Araraquara, no entanto, ainda não deu sua aprovação ao acordo e, se eleito, deseja ter controle total sobre a estrutura do partido, especialmente a tesouraria, que passou a ser vista de maneira mais positiva na gestão atual. O PT é conhecido por abrigar diferentes correntes internas, mas a situação atual se caracteriza por uma tensão crescente, especialmente com a proximidade das eleições de 2026.

Nesse contexto de incerteza, filiados com experiência na política interna do partido percebem que a candidatura de Quaquá pode aumentar o risco de divisões em torno de Edinho e potencializar a necessidade de um segundo turno. Essa eventualidade não apenas representaria um novo desafio, mas também seria considerada uma derrota para Lula durante o último ano de seu terceiro mandato.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!