O presidente da Argentina, Javier Milei, manifestou apoio a Elon Musk nesta quinta-feira, dia 23, após o bilionário estar no centro de uma controvérsia por um gesto realizado durante a cerimônia de posse de Donald Trump, o novo presidente dos Estados Unidos. Para Milei, que é um defensor do ultraliberalismo, o ato que muitos interpretaram como uma saudação nazista foi, segundo ele, um gesto “inocente”. Durante seu discurso no Fórum Econômico Mundial, ele também criticou a chamada “ideologia woke”.
A polêmica teve início quando Musk fez duas saudações de cunho fascista, semelhantes às utilizadas no regime de Adolf Hitler, após subir ao palco da Capital One Arena, em Washington, D.C., na última segunda-feira, dia 20, dirigindo-se a 20.000 apoiadores antes da chegada do novo presidente dos Estados Unidos.
Em Davos, Milei declarou que seu “querido amigo Musk” estava sendo “injustamente difamado pelo wokismo nos últimos dias devido a um gesto inocente que representa apenas sua gratidão ao povo”.
O líder libertário elogiou Musk, que fará parte do governo como responsável pela redução das despesas públicas, e outros líderes com visões semelhantes, incluindo Trump, Benjamin Netanyahu, Giorgia Meloni, Viktor Orbán e Nayib Bukele. “Uma aliança internacional está se formando entre todas as nações que desejam ser livres e que acreditam nas ideias de liberdade”, afirmou.
Milei fez uma comparação, mencionando que, de certa forma, todos esses líderes estão em harmonia, similar aos integrantes da Internacional Comunista criada por Lênin em 1919, que buscavam constantemente soluções para os problemas humanos, imaginando que a ditadura do proletariado seria o caminho para um futuro comunista. Por outro lado, a chamada “internacional da direita” reflete as diversas correntes que existem atualmente com relevância política e eleitoral.
Voltando sua atenção para o Fórum Econômico, Milei afirmou: “É importante ressaltar que fóruns como este têm sido protagonistas e promotores da agenda sinistra do woke, que está infligindo grandes danos ao Ocidente”. Ele descreveu a “ideologia woke” como um “vírus mental” e declarou que essa é “a grande epidemia de nosso tempo” que precisa ser combatida, chamando-a de câncer que deve ser eliminado.
Antes, Musk já havia criticado o “vírus woke,” que ele culpou, de forma pessoal, pela morte de seu filho. O CEO da Tesla e do X, rede anteriormente conhecida como Twitter, está em conflitante relação com sua filha trans.
Na segunda-feira, enquanto agradecia à entusiasmada multidão na Capital One Arena, Musk fez duas saudações que lembravam a saudação nazista. Ele declarou: “Só quero agradecer por fazerem isso acontecer”, em seguida batendo no peito, com os dedos abertos, antes de esticar o braço direito em direção ao alto, com os dedos juntos e a palma voltada para baixo.
Depois, voltando-se para o outro lado do palco, Musk repetiu o gesto e disse à multidão: “Meu coração está com vocês. É graças a vocês que o futuro da civilização está garantido. Com a ajuda de vocês, teremos cidades seguras, fronteiras seguras e gastos responsáveis. Coisas básicas. E levaremos o Doge para Marte”, referindo-se a comentários de Trump sobre enviar astronautas ao planeta vermelho.
Nas redes sociais, a reação ao gesto de Musk foi de choque. Ruth Ben-Ghiat, professora de história na Universidade de Nova York, afirmou: “Historiadora do fascismo aqui. Foi uma saudação nazista e muito agressiva também”. Um jornal israelense descreveu Musk realizando “uma saudação romana, tipicamente associada ao fascismo da Alemanha nazista”. O bilionário não fez comentários sobre o incidente, mas retuitou memes que tentavam transformar imagens em piadas. Em resposta a um usuário que sugeriu evitar chamar as pessoas de nazistas, Musk respondeu afirmativamente e ainda usou um emoji de bocejo.
Alguns proeminentes usuários da extrema direita aplaudiram os gestos de Musk, independentemente de suas intenções. Christopher Pohlhaus, líder de um grupo neonazista, comentou que não se importava se o gesto foi um erro, enquanto Andrew Torba, fundador de uma rede social extrema, fez comentários entusiasmados sobre a situação.
Em resposta, uma organização que combate o antissemitismo pediu cautela ao abordar “um momento delicado”, em que muitas pessoas estavam nervosas com a posse de Trump, pedindo uma abordagem mais gentil e a oportunidade de dar um benefício da dúvida a todos os lados nessa nova fase.